A
CONTRIBUIÇÃO DOS JOGOS E BRINCADEIRAS PARA A APRENDIZAGEM DA CRIANÇA
RESUMO
A
pesquisa pretende identificar a contribuição dos jogos no processo de
aprendizagem e na formação da criança, definindo um conceito de jogos, considerando
a análise da evolução histórico-conceitual vivida pelos jogos, a fim de
compreender a relação dos jogos e a educação. É importante considerar que o
jogo teve funções diferentes ao longo da história, foi caracterizado como
futilidade, pecado, relaxamento, até assumir a postura séria que é atribuída a
eles atualmente. O jogo na educação sofreu adaptações interessantes, sendo
utilizada como preparação para atividades sérias, atividade de relaxamento, até
que se chegou à visão atual de valiosa ferramenta de ensino. Partimos do
pressuposto de que são inúmeras as contribuições dos jogos para a criança, e
que, estão diretamente relacionadas com a motricidade, aquisição de conceitos
matemáticos, valorização e aceitação do erro numa perspectiva construtiva, favorecimento
da socialização e apoio a formação moral da criança. A pesquisa realizada foi à
bibliográfica, analisando vários autores que versam sobre o tema, buscando a
contribuição de estudiosos sobre o tema, para que assim, fosse possível
analisar as contribuições dos jogos para a aprendizagem e formação da criança.
Palavras-chave: Jogos, Educação, Aprendizagem.
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ...............................................................................................................
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06
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CAPÍTULO 1: O CONTEXTO HISTÓRICO DOS JOGOS NA
EDUCAÇÃO .....................
|
09
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1.1
O JOGO NA EDUCAÇÃO
..................................................................................
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11
|
CAPÍTULO 2: A
IMPORTÂNCIA DAS BRINCADEIRAS PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL
......................................................................................
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14
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CAPÍTULO 3: A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS
PARA A APRENDIZAGEM DA CRIANÇA
.............................................................................................................................
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21
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CAPÍTULO 4:
REPENSANDO O LÚDICO E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA APRENDIZAGEM EDUCAÇÃO INFANTIL
........................................................................
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30
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CONSIDERAÇÕES
FINAIS ................................................................................................
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35
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REFERÊNCIAS
..................................................................................................................
|
36
|
1 INTRODUÇÃO
A
escola, sendo essencialmente participante do processo de constituição do homem
e tendo, enquanto instituição, ainda, uma função social a desempenhar na
organização da sociedade, torna-se um espaço possível e privilegiado onde o
lúdico é concretizado.
A
experiência de jogos e brincadeiras na escola pode ser uma experiência
fundamental ao indivíduo, já que lhe possibilita maior intimidade com o
conhecimento, construção de respostas, interpretação e assimilação do mundo por
meio de um trabalho lúdico.
O
estudo do jogo estabelece uma evolução conceitual, que parte da futilidade e
evolui até permear os campos educacionais, buscando sempre uma finalidade
educativa.
Como
situação problema, apresenta-se o seguinte questionamento: qual a contribuição
dos jogos e das brincadeiras para o processo de aprendizagem e para a formação
da criança? Apresenta-se como hipótese que os jogos e brincadeiras favorecem o
domínio do raciocínio lógico-matemático, desenvolve o respeito às regras e
podem ser uma importante ferramenta lúdica para a aprendizagem.
A
escolha do tema deu-se pela inquietação em conhecer as contribuições dos jogos
para a educação e verificar o processo histórico percorrido, partindo da sua
concepção original até chegar-se ao jogo educativo de hoje, para que assim se
pudesse formar uma concepção sobre a sua aplicabilidade em sala de aula.
O
presente trabalho tem por objetivo compreender as contribuições que os jogos
trazem ao processo de aprendizagem e para a formação das crianças, como
possibilidade de tornar o aluno mais crítico, confiante, expressando o que
pensa, elaborando perguntas e tirando suas próprias conclusões, favorecendo
assim seu desenvolvimento motor e cognitivo. Pretende-se alcançar os objetivos
ressaltados através da compreensão do conceito de jogos, da relação histórica
do jogo com a educação e da verificação das contribuições dos jogos ao processo
de aprendizagem das crianças.
Apresenta-se
como hipótese que os jogos e as brincadeiras contribuem em diversos aspectos da
aprendizagem: na aquisição de conceitos matemáticos; na aceitação e mudança de
perspectiva sobre o erro; na socialização e formação moral da criança; além de
estar ligadas a comunicação e expressão infantil.
A
pesquisa torna-se relevante por se tratar de um estudo que se volta para a
análise crítica e histórica do jogo, tentando dar sentido as atuais propostas
de sua utilização. Ressalta-se aqui que a análise dos entraves sofridos pelos
jogos, desde a sua concepção, permite avaliar melhor o conceito atual e o
impacto do jogo na sua utilização como recurso pedagógico.
CAPÍTULO 1: O CONTEXTO
HISTÓRICO DOS JOGOS NA EDUCAÇÃO
Antes
de explorarmos a importância dos jogos para a educação, faz-se necessário uma
análise da evolução do conceito de jogo ao longo da história. Assim, através
dessa análise, compreenderemos a articulação existente entre os jogos e suas
finalidades educativas.
Brougére
(1998) destaca que manuscritos milenares falam de jogos praticados em todas as
regiões do planeta. Dificilmente se poderá delinear exatamente qual foi o
primeiro jogo surgido no mundo. O mesmo autor ainda ressalta que, que “o jogo é uma coisa de que todos falam
que todos consideram como evidente e que ninguém consegue definir”. Desta forma
quis dizer que não existe uma definição conceitual de jogo que atenda a sua
real aplicabilidade. Entre os educadores, o discurso atual ressalta a
importância dos jogos para a aprendizagem dos alunos. O discurso é bastante
comum, porém, pouco se percebe de uma definição clara do “que é o jogo?”. E
essa dificuldade em conceituá-lo está ligada a visão de que o mesmo assume ao
longo da história. Nem sempre o jogo foi visto como algo útil para a
aprendizagem. Podemos destacar que em algumas épocas o jogo era relacionado com
atividades ilícitas e com dinheiro, e, para se chegar às finalidades
pedagógicas atuais, viveu uma construção complexa.
São
Tomás de Aquino recusa aqueles que se entregam ao jogo por diversão (BROUGÉRE,
1998). Dessa forma a visão de jogo está
longe de ser valorizado, São Tomás de Aquino atribuiu ao trabalho o espaço de
relaxamento necessário., nesse contexto,
o jogo é visto como uma forma de relaxar, de forma que, o trabalho é
útil e importante, e o jogo mera distração e, ainda, condenada por pensadores da
época.
Kant
e Schiller citados por Brougére (1998) associam o jogo à arte, e ambas, tanto o
jogo quanto a arte, são vistas como oposição da utilidade ao trabalho. Podemos
perceber que nesse contexto o jogo não era analisado como uma ferramenta
importante para o desenvolvimento humano.
Oliveira
(2000) apresenta a visão de jogo em determinados contextos históricos, entre os
romanos, por exemplo, os jogos eram destinados ao preparo físico com a
finalidade de formar soldados e cidadãos obedientes e devotos. Os jogos na
Grécia estavam relacionados à luta e à guerra, eram vistos como exercícios de
guerra. Já os jogos astecas tinham como base o espetáculo, o objetivo era se
mostrar ao público através dos jogos. Na Idade Média, o jogo como atividade
lúdica passa a manter uma relação com a religião. O jogo tem seu espaço nos
rituais carnavalescos (calendário cristão) ainda relacionado ao fingimento.
Podemos
analisar então que o jogo percorre uma linha de evolução que parte da recusa,
onde os jogos eram considerados ilícitos; evolui para uma possível consideração
de aspectos intelectuais associados aos jogos; alcança uma articulação com a
arte (com uma oposição clara ao trabalho, ou seja, ainda articulado a mera
diversão) e chega ao enfoque de “um meio de estudo de percepção de
comportamento”.
Atualmente
o jogo determina um espaço social e cultural onde passa a existir com
legitimidade, e não com base no fingimento, passando a ser um instrumento para
a educação da criança. (BROUGÉRE, 1998).
Rompendo essa barreira entre atividade ilícita e indo até a compreensão
de que os jogos possuíam ferramentas de trabalho que favorecem o
desenvolvimento humano, é que o jogo
começa a travar um paralelo com a educação.
De
acordo com Antunes (2000)
O
jogo visto até então como uma forma de relaxamento, começa a ser articulado com
a educação, como momento de relaxamento dos alunos. O interesse da criança pelo
jogo passa a ser utilizado pelo professor para uma boa causa. O primeiro
vínculo entre educação e o jogo se dá pelo “relaxamento” (ANTUNES, 2000, P.
115).
Por
muito tempo o jogo passa a ser limitado à recreação. É importante considerar
que a recreação, seja qual for sua necessidade, diz respeito à futilidade. Ou
seja, o jogo ainda neste contexto não representa uma atividade respeitada e
aceita como ferramenta de ensino.
A
partir dessa compreensão, o jogo passa a ser utilizado na educação, embora
inicialmente tenha assumido apenas a função de distrair as crianças, ou seja,
ele ainda não era aceito com um valor pedagógico, mas como uma maneira de
atrair as crianças para a aprendizagem de conteúdos desagradáveis.
Monteiro
(2000) vê o jogo como uma possibilidade de testar e observar as crianças. Para
ele, o jogo revela a natureza psicológica real, pois as crianças mostram suas
inclinações reais enquanto jogam.
É
importante considerar que a visão do jogo evolui paralela ao conceito de
criança, que também sofreu modificações conceituais interessantes. Vale lembrar
que a criança era considerada uma miniatura do adulto, e não como um ser social
que evolui e que é capaz de aprender e se relacionar com o mundo. “A infância era depreciada assim que se
começa a pensá-la do ponto de vista da razão, e admirada do ponto de vista da
imaginação e da sensibilidade.” (COUTINHO, 2002, P. 52)
Com
o tempo, a criança deixa de ser depreciada, e vai assumindo novo conceito,
porém bastante associada à passividade e a fraqueza. E nesse contexto o jogo
passa a ser considerado um modelo para a criança.
1.1 O JOGO NA EDUCAÇÃO
Antes
de analisarmos a importância dos jogos para a criança, vale considerar que o
direito de brincar é garantido pelas legislações pertinentes. A Constituição
Federal de 1988, no seu artigo 208, reconhece e destaca que a educação é um
direito de todos e coloca que a educação infantil é um dever do Estado e
considera ainda, a criança como uma prioridade nacional. E no seu artigo 227,
esclarece que a criança tem direito a educação, à saúde, a alimentação e ao
lazer, como formas de formação integral.
Kishimoto
(2002) indica que através da brincadeira as crianças lidam de forma lúdica, com
as dificuldades psicológicas, como, o sofrimento, o medo, a perda, o ciúme,
etc. De acordo com o autor as crianças escolhem brincadeiras ligadas à sua
realidade, escolhe temas que estão ligados a sua vivência. Por isso, torna-se
um importante indicador sobre a identidade da criança.
No
Referencial Curricular para a Educação Infantil (BRASIL, 1998), o direito de
brincar é garantido como um de seus princípios considerados
O
direito das crianças a brincar, como forma particular de expressão, pensamento,
interação e comunicação infantil. O acesso das crianças aos bens socioculturais
disponíveis, ampliando o desenvolvimento das capacidades relativas à expressão,
à comunicação, à interação social, ao pensamento, à ética e à estética. A
socialização das crianças por meio de sua participação e inserção nas mais
diversificadas práticas sociais, sem discriminação de espécie alguma. (BRASIL,
1998, p. 52)
Em
suma, atualmente pela legislação vigente temos assegurado no Brasil o Brincar
como direito da criança e dever da família e da escola.
Tratar do conceito de jogo, não se
limita em simplesmente buscar uma definição do que é o jogo. Pois, essa
definição, somente é possível através da compreensão e análise da época em que
o jogo está inserido. Sendo assim, o conceito de jogo ocorre através de uma
articulação com a história. Pois a realidade social influência o conceito de
jogo que se dá conforme o pensamento da época.
Os
jogos constituíram-se sempre uma forma de atividade do ser humano, tanto no
sentido de recrear quanto de educar ao mesmo tempo. A relação entre o jogo e a
educação são antigas, Gregos e Romanos já falavam da importância do jogo para
educar a criança. Portanto, a partir do século XVIII, quando se expande a
imagem da criança como ser distinto do adulto, o brincar destaca-se como típico
da idade.
Como é possível perceber, o jogo passou
por inúmeras concepções até ser articulada a educação. E mesmo, quando
reconhecido suas vantagens para a educação, o jogo ainda buscava se firmar
dentro das práticas educativas. Vale ressaltar que, ainda se questiona
atualmente como e quando se deve utilizar os jogos no processo de ensino.
A
concepção de Kishimoto (1999) sobre o homem como ser simbólico, que se constrói
coletivamente e cuja capacidade de pensar está ligada à capacidade de sonhar,
imaginar e jogar com a realidade é fundamental para propor uma nova
"pedagogia da criança" e vê o jogar como o que nos torna realmente
humanos.
“As divergências em torno do jogo educativo
estão relacionadas à presença comitente de duas funções. Função lúdica o jogo
propicia diversão, o prazer e até o desprazer quando escolhido
involuntariamente, e Função educativa o jogo ensina qualquer coisa que complete
o individuo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo” (KISHIMOTO,
1999 p. 19).
Assim, o jogo é uma maneira do indivíduo
relacionar e compreender o mundo que o cerca. Através das representações que
esse indivíduo utiliza enquanto assume
o papel de “jogador”.
Nesse contexto Freire (2003) vê no jogo
uma possibilidade de tomada de consciência pelos alunos, uma forma de aceitação
entre os “jogadores”.
“Educar
não se limita a repassar informações ou mostrar apenas um caminho, aquele
caminho que o professor considera o mais correto, mas é ajudar a pessoa a tomar
consciência de si mesma, dos outros e da sociedade. É aceitar-se como pessoa e
saber aceitar os outros. É oferecer várias ferramentas para que a pessoa possa
escolher entre muitos caminhos, aquele que for compatível com seus valores, sua
visão de mundo e com as circunstâncias adversas que cada um irá encontrar.
Educar é preparar para a vida”. (KAMI, 1991, 125).
Pode-se compreender que a
visão apresentada por Kami (1991) relacioan com a capacidade de escolher
estratégias, de agir de maneira individual diante das situações que vivencia
através do jogo.
Piaget (1971) acredita que o
jogo é essencial na vida da criança. De início tem-se o jogo de exercício
que é aquele em que a criança repete uma determinada situação por puro prazer,
por ter apreciado seus efeitos. Em torno dos 2-3 e 5-6 anos nota-se a
ocorrência dos jogos simbólicos, que satisfazem a necessidade da criança de não
somente relembrar o mentalmente o acontecido, mas de executar a representação.
Piaget (1971) classifica o jogo infantil
em quatro tipos:
·
De exercício: se caracteriza pela
repetição de uma ação pelo prazer que ela proporciona é uma das primeiras
atividades lúdicas do bebê. É o que acontece quando ele joga objetos no chão ou
balança um chocalho com frequência.
·
Simbólico: envolve o faz de conta, a
representação que ocorre quando os alunos brincam de pirata, de escolinha, de
casinha, de boneca, de super-herói. Também acontece quando as crianças
manipulam objetos atribuindo a eles significados diferentes do habitual, como
tratar um cabo de vassoura como um cavalo.
·
Das regras: é que exige que os
participantes cumpram e passem a considerar outros fatores que influenciam no
resultado, como atenção, concentração, raciocínio e sorte.
·
De construção: nele, atividade principal
é construir e usar diversos objetos para criar um novo. Pode ser uma cidade com
blocos de madeira ou um aviãozinho de sucata.
Monteiro (2000) ressalta a importância de se oferecer as
crianças a maior quantidade possível de brinquedos de montar que se possam
transformar em inúmeras coisas, pois este tipo de material, possibilita que a
criança brinque sozinha e utilize sua imaginação com mais eficácia. A autora
lembra ainda que os brinquedos com funções muito limitadas, além de pouco
apelativos, despertam o interesse das crianças durante muito menos tempo.
Através do jogo simbólico a
criança tem a liberdade de criar e de agir conforme sua interpretação da
realidade. Assume papéis variados, atribuem explicações de acordo com seu
entendimento do mundo.
Vygotsky (1989),
diferentemente de Piaget, considera que o desenvolvimento ocorre ao longo da
vida e que as funções psicológicas superiores são construídas ao longo dela.
Ele não estabelece fases para explicar o desenvolvimento como Piaget e para ele
o sujeito não é ativo nem passivo: é interativo. Segundo ele, a criança usa as
interações sociais como formas privilegiadas de acesso a informações: aprendem
à regra do jogo, por exemplo, através dos outros e não como o resultado de um
engajamento individual na solução de problemas. Desta maneira, aprende a
regular seu comportamento pelas reações, quer elas pareçam agradáveis ou não.
Assim, o jogo assume um importante papel de possibilidade de interação do
indivíduo com seu meio, e isso ocorre através da educação.
CAPÍTULO 2:
A IMPORTÂNCIA DAS BRINCADEIRAS PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL
É importante considerar que o
brincar ocupa papel especial do direito de brincar estabelecido na Convenção
dos Direitos da Criança no seu art.31,
na Constituição Federal do Brasil de 1988 no seu art.227 e no Estatuto da
Criança e do Adolescente no seu art.16, IV. Dessa forma, podemos afirmar que o
brincar é considerado um direito fundamental de liberdadee que a escola deve
garantir e promover o direito de brincar como forma de garantir o direito á infância.
O brincar é a maneira pela qual a
criança sente, expressa e experimenta o mundo, além de favorecer a formação de
definição da personalidade e da identidade infantil. Assim, o brincar deve
ocupar nas instituições de Educação infantil como linguagem da criança
necessária para que ela se desenvolva social, fisicamente e cognitivamente.
Portanto, o brincar deve ser contemplado como um dos eixos norteadores do
trabalho pedagógico na Educação infantil. (Vygotsky (1989)
As instituições de educação infantil devem se tornar acessível a todas
as crianças que a freqüentam, oferecendo elementos que enriquecem o seu
desenvolvimento e sua interação social. Para isso, é preciso que a mesma
considere três importantes aspectos: cuidar, educar e o brincar como pilares
para o bom desenvolvimento infantil. Analisaremos a seguir a definição de cada
aspecto anteriormente citado e discutiremos sua relação com o desenvolviemtno
integral da criança da Educação Infantil.
De acordo com RCNEI (1998) o cuidar é uma
esfera importante na instituição da educação infantil, e considera-se parte
integrante da educação. Nesse sentido o cuidar demanda integração de vários
campos do conhecimento e a cooperação de vários profissionais.
A base do cuidado humano é compreender como ajudar o
outro a se desenvolver como ser humano. Cuidar significa valorizar e ajudar a
desenvolver capacidades. O cuidado é um ato em relação ao outro e a si próprio
que possui uma dimensão expressiva e implica em procedimentos específicos. (BRASIL, 1998, p. 24)
|
Na
educação infantil, o cuidar historicamente, teve um enfoque assistencialista,
onde as crianças buscavam a escola para passarem o dia enquanto que seus pais
trabalhavam. Neste enfoque o significado de cuidar era primordial, pois as
crianças estavam ali para serem cuidadas, no sentido assistencialista mesmo.
Essa visão começou a ser modificada na década de 1990, quando as creches e
pré-escolas foram incorporadas ao sistema de ensino, numa tentativa de romper
com a visão de que a creche significa cuidar, e a pré-escola, educar. (BRASIL,
1998)
Mas, com a
evolução vivida pela Educação Infantil, a concepção de criança e sua forma de
atendimento também vêm sofrendo mudanças significativas. A criança deixou de
ser vista como um adulto em miniatura para uma de criança como ser histórico e
social. E da mesma forma, as instituições de atendimento, deixaram de serem
vistas como depósito de crianças, para serem consideradas como uma instituição
educativa, onde a criança passou a ser atendida por um profissional da área do
qual se exige formação adequada para lidar com as crianças. (KRAMER, 2005)
A Lei de
Diretrizes e Bases Nacionais da Educação – nº 9.394/1996 Brasil (1998) ressalta
que o cuidar e o educar são funções dos professores que atendem as crianças de 0 a 5 anos de idade. Dessa
forma, as instituições que atendem crianças nesta faixa etária deverão
desenvolver um trabalho pedagógico de acordo com as necessidades da educação
infantil. É nesse sentido que o cuidar e o educar necessita ser compreendidos
como ações interligadas, que fazem parte de um único processo, considerado como aprendizagem e
desenvolvimento integral.
Sobre isso,
Kramer (2005), estudiosa da educação infantil, afirma:
Quando digo que estou cuidando de uma
criança, posso me referir às ações que envolvem proteção física e a sua saúde.
Posso fazer, também, referência a atividades que complementam as que a família
lhe oferece cotidianamente, como dar-lhe comida, dar-lhe banho, colocá-la para
dormir. Mas posso, ainda, falar de cuidados individuais que lhe dedico como
atenção à sua fala, aos seus desejos, consolo, colo, aconchego. (KRAMER, 2005,
p. 28)
Nessa
perspectiva, o cuidar significa estar atento às crianças, ou seja, considerando
a individualidade de cada uma no que se refere às dimensões físicas, intelectuais,
psíquicas, emocionais e outras. E educar é possibilitar às crianças formas
variadas de se relacionar, de cuidar de si mesmas, de conhecer e interagir com
o mundo. (BRASIL, 1998)
|
Educar
de acordo com o RCNEI significa,
Propiciar
situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma
integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades
infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude
básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos
conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. (...) a educação
poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e
conhecimentos das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e
éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e
saudáveis. (BRASIL, 1998, p.23)
Cuidar nesse
sentido está ligado à dimensão afetiva e relacional, não apenas ao aspecto
assistencialista. Faz-se necessário que
o professor ajude a criança a identificar suas necessidades e possa atendê-las
de forma adequada.
Assim, cuidar da criança é, sobretudo dar atenção a
ela como pessoa que está num contínuo crescimento e desenvolvimento,
compreendendo sua singularidade, identificando e respondendo às suas
necessidades. Isto inclui interessar-se
sobre o qual o que a criança sente, pensa, o que ela sabe sobre si e sobre o
mundo, visando à ampliação deste conhecimento de suas habilidades, que aos
poucos a tornarão mais independentes e mais autônoma. (BRASIL, 1998, p.25)
O brincar é um
aspecto considerado imprescindível para a relação da criança com o mundo.
Ressaltando que nessa situação é que a
criança interage espontaneamente com o mundo adulto. Para brincar a criança
precisa se apropriar de elementos importantes da realidade de forma que atribua
a ela seus significados. Ou seja, toda brincadeira é uma imitação adaptada pela
criança da realidade. (BRASIL, 1998).
A ação
pedagógica deve atender as necessidades das crianças, e por isso deve ser
criativa, flexível, de forma que atenda ao individual e ao coletivo. Por isso,
é importante considerar que o espaço de salas esteja preparado para promover
interações do sujeito com o mundo físico e social, de forma a dar oportunidade
às vivências e situações de tomadas de decisões> promovendo assim, autonomia
e cooperação, tão importantes para a formação de um novo cidadão. (OSTETTO,
2000).
Aspectos
importantes e que compõem à educação infantil, como por exemplo, saúde, afeto,
segurança, interação, alimentação, estimulação, brincadeira, devem compor o ato
de cuidar/educar de forma dinâmica e paralela. Para todos esses aspectos é
possível estabelecer relações entre cuidar e educar, desde que a ação
pedagógica bem fundamentada, de forma que o cuidar/educar esteja presente na
realidade dos espaços de educação infantil.
|
(OSTETTO, 2000).
Todas as
estratégias educativas devem buscar levar o indivíduo ao progresso, ao pleno
desenvolvimento de suas capacidades através do diálogo.
Por isso, a educação infantil é um dos espaços de desenvolvimento da criança. Pois, além de prestar cuidados físicos, ela cria condições para o desenvolvimento cognitivo, simbólico, social e emocional da criança. O importante é que na educação infantil seja dado o cuidado e a educação de crianças que vivem, convivem, e necessitam para se desenvolver de forma integral e saudável.
Por isso, a educação infantil é um dos espaços de desenvolvimento da criança. Pois, além de prestar cuidados físicos, ela cria condições para o desenvolvimento cognitivo, simbólico, social e emocional da criança. O importante é que na educação infantil seja dado o cuidado e a educação de crianças que vivem, convivem, e necessitam para se desenvolver de forma integral e saudável.
Com base nas
definições acima, percebemos a relação entre brincar, cuidar e educar, como
aspectos intrínsecos na concepção de educação. Ou seja, a criança para ser
formada integralmente necessita que o cuidar, educar e o brincar caminhem
juntos. De acordo com Demo & Morin
(2002) a criança requer um atendimento global em todos os momentos e em todas
as situações do seu dia-a-dia, sendo assim o cuidar e educar deverão se estabelecer
de maneira indissociável, possibilitando a construção da totalidade, da
identidade e da autonomia da criança.
Nesse sentido,
cuidar e educar implica reconhecer que o desenvolvimento da criança, bem como a
construção dos seus conhecimentos, não ocorre em momentos separados. A criança
é um ser completo, tendo sua interação social e construção como ser humano
permanentemente estabelecido em tempo integral. Assim, cuidar, brincar e educar
significa compreender que o momento em que a criança vive exige a mediação dos
adultos como forma de proporcionar ambientes que estimulem a curiosidade com
consciência e responsabilidade.
Em suma, o
principal aspecto a ser considerado nos aspectos de cuidar/educar/educar, é que
o professor não trabalhe somente com o intelectual da criança, não são máquinas
sem sentimentos. Em todo momento é preciso sentir e proporcionar às crianças
momentos que lhes façam crescer, refletir e tomar decisões direcionadas ao
aprendizado com coerência e justiça, o que não é tarefa fácil.
|
Após
compreendermos a definição e relação do cuidar/educar e brincar e a importância
da brincadeira para o desenvolvimento infantil; trataremos da necessidade do
brincar para a criança.
Segundo Fantin
(2000), é através da brincadeira que a criança se expressa e demonstra sua
visão sobre o que pensa do mundo, ou seja, quando se brinca, pode-se criar uma
situação imaginária a partir das suas vivências e de suas trocas com a
realidade.
Kishimoto
(2002) indica que através da brincadeira as crianças lidam de forma lúdica, com
as dificuldades psicológicas, como, o sofrimento, o medo, a perda, o ciúmes,
etc. de acordo com o autor as crianças escolhem brincadeiras ligadas a sua
realidade, escolhem temas que estão ligados a sua vivencia . Por isso, torna-se
um importante indicador sobre a identidade da criança.
Japiassu
(1999, p.11) coloca que a criança exterioriza sua interpretação que tem sobre o mundo. E em
certas brincadeiras como a de popular “brincadeira de casinha” a criança
torna-se capaz de assumir uma postura em diferentes papéis ou personagens, o
que nos proporciona uma análise da sua visão enquanto “mãe e filha” ou seja, a
visão que ela tem da sua postura e da postura do adulto.
Vygotsky
(1994) ainda ressalta que,
A criança imagina-se
como mãe e a boneca como criança e, dessa forma, deve obedecer às regras do
comportamento maternal. (...) Sempre que há uma situação imaginária no
brinquedo [faz-de-conta], há regras - não as regras previamente formuladas e
que mudam durante o jogo, mas aquelas que têm sua origem na própria situação
imaginária. Portanto, a noção de que uma criança pode se comportar em uma
situação imaginária sem regras [assimilação deformante] é simplesmente
incorreta.
Com isso, podemos perceber que mesmo quando a
brincadeira parece ser caracterizada pela imaginação, ainda, possui vínculo com
o real. Pois, através de ações lúdicas, a criança demonstra suas vivências
cotidianas. Isso quer dizer que, através do brincar à criança deixa o mundo
real e assume um mundo imaginário.
De acordo com Fantim (2000) a criança ao
brincar pode resolver problemas do presente, do passado, além de formar
conceitos que lhe ajudará a lidar com situações futuras. O brincar possibilita
a socialização, a interação, e a partir daí faz com que a criança se aproprie
do contexto cultural.
Para Coutinho (2002, p. 12):
A
imaginação infantil é capaz de transformar, de recriar, de resinificar a partir
do que há no real. A cultura e a sociedade disponibilizam conhecimentos que
impreterivelmente chegam até a criança, no entanto o seu jeito de olhar e
resinificar as informações permite que ela vá além, que ela crie.
Morim (2002, p. 69) sintetiza que a capacidade de imaginar
que a criança constrói na brincadeira envolve uma mistura de realidade e
fantasia, em que o cotidiano toma outra aparência, adquirindo um novo
significado.
O lúdico é
uma oportunidade criativa para a criança encontrar-se e, conhecer o outro e o
mundo. É convivendo com o lúdico que ela constrói uma imagem de respeito
próprio (...) lida com emoções, revive as experiências na relação com o mundo
exterior e consigo própria. Enquanto brinca, ela amplia a sua capacidade
corporal (...) aprende a explorar este espaço.
Quando falamos
do brincar como necessidade vital da criança, faz-se necessário analisar a
brincadeira sobre alguns aspectos que interferem na relação da criança com o
mundo. Geralmente quando pensamos no brincar, focamos muito a relação entre as
crianças. Mas, faz-se necessário considerar o “brincar sozinha” como de
fundamental importância para a evolução da criança.
Embora o tempo que passa a
brincar com a criança seja fundamental para o seu desenvolvimento, é importante
desenvolver na criança a sua capacidade de brincar sozinho, pois ajuda a
desenvolver a autossuficiência e a confiança, competências importantes na vida
adulta.
Haeussler
& Rodriguéz (2005) depois dos três anos é importante não só permitir que a
criança brinque com outras crianças, mas que seja estimulada a brincar sozinha.
Pois através dessas atividades a criança será capaz de realizar atividades por
si mesmas, ficar contente longe dos adultos e de buscar soluções para as
situações em que se envolva.
É importante esclarecer que
"brincar sozinho" não significa deixar a criança no chão e sair do
quarto. Mesmo brincando “sozinha” ela deve ser monitora, fornecendo-lhe alguns
brinquedos e iniciando às atividades lúdicas, até que a criança consiga criar e
recriar suas brincadeiras de forma autônoma.
À medida que a criança vai
crescendo e interagindo cada vez mais com os brinquedos, ficará cada dia mais
independente Isto de acordo com Haeussler
& Rodriguéz (2005) não só constitui uma
vantagem no seu desenvolvimento, mas como também é útil para a criança se ver
como um sujeito individual, que consegue interagir com o mundo em momentos de
autonomia particular.
Monteiro (2000)
ressalta a importancia de se oferecer as crianças a maior quantidade possível
de brinquedos de montar que se possam transformar em inúmeras coisas, pois este
tipo de material possibilita que a criança brinque sozinha e utilize sua
imaginação com, mais eficácia. A autora lembra ainda que os brinquedos com
funções muito limitadas, além de pouco apelativos, despertam o interesse das
crianças durante muito menos tempo.
Brincar
sozinho, com amigos, com irmãos, com bolas ou barbies. Não e preciso gastar
muito dinheiro nem puxar demasiado pela imaginação para garantir aos seus
filhos horas de divertimento puro. E não se esqueça de que, ao brincar, eles
também estão a aprender. (MONTEIRO, 2000)
Angelotti (2009) ressalta que “os
tipos de brincadeira e a forma de brincar se modificam de acordo com a etapa de
desenvolvimento que a criança apresenta.” E que de maneira simbólica o
“brinquedo torna-se um meio de expressão.” Dessa forma, o brincar torna-se tão
importante para o desenvolvimento da criança. Em suma, brincar é preciso.
CAPÍTULO 3- A IMPORTÂNCIA
DOS JOGOS PARA A APRENDIZAGEM DA CRIANÇA
Nos capítulos
anteriores foi possível compreender a evolução da concepção do jogo, que partiu
da visão de “futilidade” até assumir um lugar de destaque, inclusive na
educação. Entendemos que esse processo foi lento e gradual, e que caminhou
paralelo ao conceito de infância. Hoje percebemos que os jogos permeiam as
atividades pedagógicas de praticamente todas as modalidades de ensino.
Os jogos
favorecem o domínio das habilidades de comunicação, nas suas várias formas,
facilitando a autoexpressão. Encorajam o desenvolvimento intelectual por meio
do exercício da atenção, e também pelo uso progressivo de processos mentais
mais complexos, como comparação e discriminação; e pelo estimulo à imaginação.
Todas as vontades e desejos das crianças são possíveis de serem realizados
através do uso da imaginação, que a criança faz através do jogo. (SANTANA, 2006)
Conforme
Kishimoto (1999), especialmente no campo da educação infantil, psicólogos e
pedagogos tem dado grande atenção ao papel do jogo na constituição das
representações mentais e seus efeitos no desenvolvimento da criança,
especialmente na faixa etária de 0
a 6 anos de idade.
O autor ainda
afirma que, enquanto brinca, o ser humano vai garantindo a integração social
além de exercitar seu equilíbrio emocional e atividade intelectual. É na
brincadeira também que se intensificam as parcerias, porém o aprendizado não
deve estar presente só na escola, mas também como parte do dia-a-dia da
criança. Na medida em que a criança progride em seu desenvolvimento e
amadurecimento é necessário que ela manifeste o que é próprio da cada etapa de
sua vida.
Com o uso dos jogos a escola passa a não possuir apenas o objetivo
de proporcionar aos educandos alguns momentos de recreação, mas sim uma prática
pedagógica interdisciplinar considerando o aluno como sujeito de suas ações,
criando e vivenciando momentos; favorecendo seu processo de aprendizagem, ensinando-o a lidar com
limites regras, a se desenvolver no ato de jogar.
Hoje a perspectiva com relação aos jogos
infantis é outra. Educadores e outros pesquisadores da Educação incentivam a
prática do jogo como forma de aperfeiçoar o desenvolvimento infantil. Pode-se
afirmar que os jogos estão adquirindo gradualmente uma nova dimensão. Vistos
sob um enfoque de integração aos currículos das escolas, deixam de serem
consideradas atividades secundárias e passam a ser pedagogicamente aceitos como
parte dos conteúdos. (ALMEIDA, 2006, p. 62).
Para Albuquerque (1954), o jogo didático,
serve para
fixação ou treino da aprendizagem. É uma variedade de exercício que apresenta
motivação em si mesma, pelo seu objetivo lúdico. Ao fim do jogo, a criança deve
ter treinado alguma noção, tendo melhorado sua aprendizagem. (ALBURQUERQUE,
1954, p. 33).
Assim, podemos
compreender que o jogo não é simplesmente um “passatempo” para distrair os
alunos, ao contrário, corresponde a uma profunda exigência do organismo e ocupa
lugar de extraordinária importância na educação escolar. Ele estimula o
crescimento e o desenvolvimento, a coordenação muscular, as faculdades
intelectuais, a iniciativa individual, favorecendo o advento e o progresso da
palavra, estimulam o observar e conhecer as pessoas e as coisas do ambiente em
que vive.
Através do
jogo o indivíduo pode brincar naturalmente, testar hipóteses, explorar toda a
sua espontaneidade criativa. O jogar é essencial para que a criança manifeste
sua criatividade, utilizando suas potencialidades de maneira integral. Ele é
libertado para entrar no ambiente, explorar, aventurar e enfrentar sem medo
todos os perigos. Dando origem a um aluno ativo e participativo dentro de um
ambiente total, com apoio e a confiança que permite a ele desenvolver qualquer
habilidade necessária para a comunicação dentro do jogo.
Na concepção
piagetiana, os jogos consistem numa simples assimilação funcional, num
exercício das ações individuais já aprendidas. Os jogos proporcionam à criança
adquirir o domínio da comunicação com os outros.
Os esquemas momentaneamente inutilizados não
poderiam desaparecer sem mais nem menos, ameaçados de atrofia por falta de uso,
mas vão exercitar-se por si mesmos sem outra finalidade que o prazer funcional,
ligado ao exercício. (PIAGET, 1971, p. 82)
Nessa visão,
os jogos têm dupla função: consolidar os esquemas formados e dar prazer ou
equilíbrio emocional à criança. O jogo é imediato e momentâneo, porque produto
de uma assimilação sem acomodação.
O jogo permeia vários campos da prática pedagógica e abrange um
leque de conteúdos, ele favorece a motricidade, a aquisição de conceitos
matemáticos, a linguagem oral, a comunicação e expressão da criança, seu
reconhecimento de mundo, e diversos outros aspectos.
O
uso de jogos no ensino da Matemática tem o objetivo de fazer com que as
crianças gostem de aprender essa disciplina, mudando a rotina da classe e
despertando o interesse do aluno envolvido. A aprendizagem através de jogos
permite que o aluno faça da aprendizagem um processo interessante e até divertido.
Para isso, eles devem ser utilizados para sanar as lacunas que se produzem na
atividade escolar diária.
Oliveira,
(2000) refere-se à importância de transformar um jogo em motivação em aprender
matemática, salientando que:
O aspecto afetivo se encontra implícito no
próprio ato de jogar, uma vez que o elemento mais importante é o envolvimento
do indivíduo que brinca. Ensinar Matemática é desenvolver o raciocínio lógico,
estimular o pensamento independente, a criatividade e a capacidade de resolver
problemas. Nós como educadores matemáticos, devemos procurar alternativas para
aumentar a motivação para a aprendizagem, desenvolver a autoconfiança, a
organização, a concentração, estimulando a socialização e aumentando as
interações do indivíduo com outras pessoas. (OLIVEIRA, 2000, p. 78).
A
utilização de jogos no ensino de Matemática, quando intencionalmente definidos,
pode promover um contexto estimulador e desafiante do pensamento do ser humano,
de sua capacidade de cooperação e é um auxiliar didático na construção de
conceitos matemáticos. O jogo torna-se um facilitador da aprendizagem, pois
mobiliza a dimensão lúdica para a resolução de problemas, disponibilizando o
aluno a aprender, mesmo que a formalização do conceito seja posterior ao jogo.
Borin, (1996)
apud em Groenwald & Timm (2009) falando sobre a importância dos jogos na matemática:
Outro motivo
para a introdução de jogos nas aulas de matemática é a possibilidade de
diminuir bloqueios apresentados por muitos de nossos alunos que temem a Matemática
e sentem-se incapacitados para aprendê-la. Dentro da situação de jogo, onde é
impossível uma atitude passiva e a motivação é grande, notamos que, ao mesmo
tempo em que estes alunos falam Matemática, apresentam também um melhor
desempenho e atitudes mais positivas frente a seus processos de aprendizagem. (GROENWALD &
TIMM, 2009)
Os
jogos, se aplicados em sintonia com o ensino da matemática, poderão trazer
benefícios para os alunos em sua assimilação e acomodação no meio social. A Matemática - enquanto uma ciência em constante expansão -
contribui decisivamente para uma melhor compreensão do mundo e através da dela
o indivíduo tem um maior poder de raciocínio para o enfrentamento e solução de
diferentes situações-problema com que ele se depara no seu dia-a-dia.
De acordo com Arribas (2004) fazer Matemática é estabelecer relações, elaborar e
comunicar estratégias de resolução de problemas, argumentar, procurar defender
e validar seu ponto de vista, reformular ações a partir dos erros, antecipar e
verificar resultados, agir, enfim, como produtor de conhecimentos e não como
mero reprodutor; como aquele que não só resolve, mas também é capaz de propor
problemas.
É importante considerar que desde muito cedo
as crianças estão em contato com a Matemática, nas suas atividades cotidianas,
dentro e fora da escola. Os conceitos matemáticos são
adquiridos, num primeiro momento, de forma informal e espontânea.
De acordo com Santana (2006) as brincadeiras
e jogos oportunizam a realização de um grande número de operações num tempo
relativamente curto, o que as torna proposta de alto rendimento por excelência.
Nessas situações, a cooperação espontânea prevalece, uns ajudam os outros e a
professora ajuda a todos.
Oliveira
(2000) destaca que o jogo é a construção do conhecimento, principalmente nos
períodos sensório-motor e pré-operatório, e que de zero aos 3 anos, as crianças vão
estabelecendo suas primeiras relações espaciais e numéricas. No jogo e na
brincadeira encontram as mais ricas oportunidades de realizarem as aproximações
iniciais aos conceitos matemáticos. A aquisição desses conceitos, apesar de não
se estabelecer nessa faixa etária, é, sem dúvida, bastante favorecida pela
finalidade principal de jogos e brincadeiras.
Ainda de acordo com o autor, dos 4 aos 6 anos,
os jogos são ainda mais enriquecidos, à medida que a criança avança na sua
capacidade de explicar suas ações, suas estratégias, descrever ações dos
colegas. Considerando que a criança questiona mais e começa a compreender e
respeitar as regras, o jogo passa a adquirir a dimensão de conduta consciente.
Nos jogos e brincadeiras, as crianças dessa faixa etária aplicam e aprofundam
muitos conceitos espaciais e numéricos.
Monteiro (2000) esclarece que os sujeitos, ao aprenderem, não o
fazem como puros assimiladores de conhecimentos. É preciso estar atento que
nesse processo, existem determinados componentes internos que não podem deixar
de ser ignorados pelos educadores. A solução de problemas é um aspecto
fundamental para a aprendizagem da matemática, pois exige que a criança seja
capaz de pensar e formular respostas para determinadas situações.
Os
jogos matemáticos, nem sempre são usados para ensinar conceitos matemáticos, o
mais importante é a base para provocar a reflexão e o estabelecimento de relações
lógicas por parte do aluno. Além de proporcionar prazer e diversão, o jogo pode
representar um desafio e provocar o pensamento reflexivo do aluno. Essas podem
ser razões suficientes para que se defenda seu uso no ensino de Matemática.
Vygotski
(1999) indica a relevância dos jogos como indispensáveis para a criação da
situação imaginária. Revela que o imaginário só se desenvolve quando se dispõe
de experiências que se reorganizam. A riqueza dos contos, lendas e o acervo de
brincadeiras constituirão o banco de dados de imagens culturais utilizados nas
situações interativas.
A
ação na esfera imaginativa, numa situação imaginária, a criação de intenções
voluntárias e a formação dos planos de vida real e das motivações voluntárias,
tudo aparece no brinquedo, que se constitui, assim, no mais alto nível do
desenvolvimento pré-escolar. A criança desenvolve-se, essencialmente, por meio
da atividade do brinquedo. (VYGOTSKY, 1999, p. 63)
Assim, para se
formar seres criativos, críticos e aptos para tomar decisões, um dos requisitos
é o enriquecimento do cotidiano infantil com a inserção dos jogos. E importante
ressaltar que, as relações entre as pessoas para Tani (1988) estão estruturadas
nos processos sociais, que trazem incluídos valores que tem sido incentivado muitas
vezes pela própria cultura. Dentre os vários processos de relações e interações
sociais básicos, salientam-se a competição, o conflito e a cooperação. Cada ser
se relaciona com os outros e, na maioria das vezes, as situações sociais
incluem mais do que um desses processos.
Nesse contexto
o jogo também é visto como intermediador de conceitos relacionados à cooperação
e a competição, requisitos necessários ao ato de jogar. Na competição, quando
um jogador tenta obter um resultado melhor do que o outro, forma-se, então, a
oposição que, na maioria das vezes, chega a gerar conflitos. Mas a competição
nos jogos, quando bem desenvolvida, pode propiciar a formação de uma postura
mais cooperativa de cidadãos.
O jogo tem um
fator motivante, como elemento recreativo e lúdico, estimula a autoestima e
confiança; favorece as relações. Além dos fatores físicos e sociais, ajuda no
processo de aprendizagem. Como Brougére (1998) explica, o jogo faz parte da
instrução, e ao mesmo tempo em que exercita a inteligência, promove o
crescimento, boas condições físicas e saúde entre os jovens. Por serem
exercícios físicos, tornam-se um meio de introduzir a criança a uma atividade
física e pode ser usado para permitir um relaxamento necessário, cujo objetivo
é propiciar um novo esforço intelectual, ou tornar lúdica a educação corporal,
facilitar o aprendizado e promover a socialização.
O processo de
construção da moral, das regras e valores sociais pode ser compreendido
levando-se em conta tanto aspectos da evolução humana, como aspectos sociais e
filosóficos. No que diz respeito aos aspectos sociais, cabe ressaltar que as
regras e os valores sociais, já estão previamente construídos quando a criança
entra no mundo social. Além disso, é sabido que os aspectos morais e os valores
de uma sociedade modificam-se com o tempo e ainda podem variar de acordo com a
cultura.
Por outro
lado, os aspectos da evolução humana resgatam elementos desse processo, que
envolve não só aspectos biológicos, como também questões sociais, nas quais
está envolvida a moral, a ética e os valores, que orientam o homem em sua
trajetória de transcendência para além de seus impulsos.
Essa superação
segundo Centurion (2004) ocorre por meio da “lenta evolução dos costumes, que
impõem tabus, limites e vínculos à sofreguidão do instinto”. Segundo Piaget
(1971), através dos jogos, as atividades lúdicas atingem um caráter educativo,
tanto na formação psicomotora, como também na formação da personalidade das
crianças. Assim, valores morais como honestidade, fidelidade, perseverança,
hombridade, respeito ao social e aos outros são adquiridos.
Os jogos são
considerados por Piaget (1971) como uma ferramenta indispensável a este
processo. Através do contato com o outro, a criança vai internalizar conceitos
básicos de convivência, e considerando que, os jogos permitem uma flexibilidade
de conduta, ela vai sendo conduzida a um modelo ideal de se comportar com o
próximo.
Oliveira
(2000) esclarece que a ética diz respeito a consensos possíveis e temporários
entre diferentes agrupamentos sociais, que, embora possuam hábitos, costume e
moral diferente, e mesmo divergindo na compreensão de mundo e nas perspectivas
de futuro, às vezes, conseguem estabelecer normas de convivência social
relativamente harmoniosa em algumas questões.
O sujeito,
durante os jogos, aprende o saber conviver com as diferenças, com outras formas
de cultura, hábitos, costumes e crenças. Aprende a se colocar no lugar do
outro, aprende o respeito mútuo, bem como os princípios de justiça, mesmo que
não seja regido por esses princípios; considera o contexto e as razões, e tem
uma postura ativa e consciente.
É importante
considerar que a possibilidade de colocar-se no lugar do outro, para a
efetividade do julgamento moral, pois permite refletir criticamente, levando em
conta os diferentes pontos de vistas e considerando os motivos, emoções e
condições para determinados comportamentos.
Com
relação ao desenvolvimento moral,
Friedmann (1996) afirma
que as crianças constroem normalmente o seu próprio
sistema de valores morais, baseando-se em sua própria necessidade de confiança
com as outras. Esse processo é uma verdadeira construção interior. Através da
construção autônoma se forma uma boa concepção de si mesmo.
A motivação é um aspecto intrinsecamente ligado ao jogo, pois, jogar
desenvolve um processo lúdico de lidar com conceitos diversos de maneira
agradável. Isso acarreta na criança interesse e motivação em aprender.
“No aluno, a
motivação é considerada como a determinante talvez principal do êxito e da
qualidade da aprendizagem escolar. Quem estuda pouco, ou quem lê pouco, aprende
pouco; a qualidade e a intensidade do envolvimento nas aprendizagens dependem
de motivação. Mas também se reconhece que se trata de uma variável complexa e
multifacetada.” (ALMEIDA, 2006, P. 115).
Desse modo, é possível
perceber a importância da motivação como fator de aprendizagem. Portanto, o
entretenimento é entendido como possibilidade de estímulo ao interesse do aluno
por atividades que favoreçam ao processo de aquisição do conhecimento. As
atividades lúdicas (jogos, brincadeiras, brinquedos) devem ser vivenciadas
pelos educadores.
Para Almeida (2006) a
motivação é um ingrediente indispensável no relacionamento entre as pessoas,
bem como uma possibilidade para que afetividade, prazer, cooperação, autonomia,
imaginação e criatividade cresçam, permitindo que o outro construa por meio da
alegria e do prazer de querer fazer e construir.
Oliveira (2000) acrescenta
que "quando crianças ou jovens brincam, demonstram prazer e alegria em aprender. Eles têm
oportunidade de lidar com suas energias em busca da satisfação de seus
desejos”. È a curiosidade que os move para participar da brincadeira é, em
certo sentido, a mesma que move os cientistas em suas pesquisas. Dessa forma é
desejável buscar conciliar a alegria da brincadeira com a aprendizagem escolar.
Se as crianças ficarem
totalmente envolvidas, o jogo é algo diferente do que acontece no cotidiano da
sala de aula, e se isso as deixa animadas, elas ficam encantadas com a novidade
e fixam melhor o assunto.
No processo de ensino e
aprendizagem, com diferentes conteúdos ou ambientes, a motivação é, segundo
Almeida (2006), a mola propulsora do comportamento humano, sendo a determinante
na busca de qualquer objetivo seu.
20
CAPÍTULO
4: REPENSANDO O LUDICO E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL.
20
|
A concepção de criança sofreu evolução ao longo da história e vem mudando
ao longo do tempo. Mas perante a lei, a criança é compreendida como um sujeito
de direitos, um cidadão.
A Constituição federal de 1998,
a LDB, o Referencial Curricular Nacional da Educação
Infantil e o ECA foram marcos importantes na efetivação dos direitos das
crianças e foi resultado de uma grande luta no sentido de compreender a
criança, não como uma miniatura do adulto, mas como ser humano, sujeito
histórico e social, que faz parte de uma família que está inserida na
sociedade. Que se desenvolve e precisa de estímulos para seu crescimento
social, psicológico e cognitivo.
Paralelo ao conceito de criança está a ludicidade, que foi reconhecida à
medida que os direitos das crianças foram se efetivando. Nos últimos anos já se
percebe um intenso crescimento nos estudos envolvendo o lúdico na Educação
Infantil.
O brincar como um direito da criança reconhecido e garantido pelas
legislações pertinentes ocupa um lugar de prioridade na formação da criança.
Legalmente o brincar é considerado como o direito da criança e o dever do
estado, da família e da sociedade.
Pudemos perceber ao longo do presente estudo que a Educação infantil
viveu um processo de busca por seus espaços e definição de seus direitos. Com
isso, os parâmetros para o trabalho com a Educação Infantil vêm se efetivando
aos poucos. Brasil (1998) marca essa estruturação de parâmetros em Eixos Temáticos :
Matemática, linguagem oral e escrita, movimento, Artes Visuais, natureza e
Sociedade e Identidade e Autonomia.
Brasil (1998) destaca que se educar significa propiciar situações de
cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada de forma a
contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação
interpessoal, a ludicidade permeia todos os eixos, considerando que, é
fundamental para o desenvolvimento global da criança.
O brincar é uma prioridade para a criança, pois, é uma das formas
principais de interação que ela dispõe nesta fase da vida. É a sua maneira de
aprender sobre os objetos que estão a sua volta, de aprender sobre as pessoas e
si própria. É também através do brincar que a criança vai aprender quais são as
regras, qual o papel que cada um representa e ela vai aprender quais são as
coisas que ela pode ou não fazer.
Dessa forma, atribuímos ao brincar um ato de grande importância com
relação à definição de papéis, visto que, propicia a criança a realizar
escolhas, refletir sobre os papéis sociais e lidar com regras. E a compreensão
dessas regras, faz com que cada pessoa no seu grupo, como as pessoas se
relacionam, como expressam suas emoções, como resolvem seus conflitos, como
aprende a lidar com as perdas, a criança precisa utilizar de sua imaginação.
Brincando a criança se imagina no lugar do outro. Esse ato de brincar é um
grande recurso que a criança tem para lidar com os objetos, as coisas que
compõem o seu mundo.
Kishimoto
(2002), afirma que:
As
escolhas de oportunidade lúdicas que fazemos habitualmente, sem refletir,
podem, se refletirmos a respeito, ser psicologicamente informativas sobre nós
mesmos e podem sugerir uma série de questões muito interessantes sobre o
significado psicológico dessas escolhas. (KISHIMOTO, 2002, p. 29).
Portanto, é brincando que a criança atua, faz coisas e constrói seu
conhecimento. O lúdico permite que a criança se expresse de maneira espontânea.
É permitindo que a criança faça escolhas que estaremos contribuindo como
adultos para a autonomia da criança. Para Luckesi (2000) “o brincar é para a
criança como o trabalho é para o adulto.” Toda criança brinca independente de
sua época, cultura ou classe social. Neste sentido, o brincar torna-se a
essência da infância.
A ludicidade
tem um importante papel nos primeiros anos de vida, considerando que ao brincar
a criança desenvolve-se e favorece a interação, além de proporcionar uma
aprendizagem prazerosa. Oliveira (2000, p.10) destaca que o lúdico “não está
nas coisas, nos brinquedos ou nas técnicas, mas nas crianças, ou melhor,
dizendo, no homem que as imagina, organiza e constrói.” Nesse sentido, ao
lúdico torna-se um grande aliado na educação da criança.
É importante considerar que o brincar quando
introduzido na escola, não deve perder o enfoque na ludicidade, e da mesma
forma para o educador não deve ser utilizado somente com o intuito de diversão.
É preciso considerar que através do brincar a criança cria, constrói e atribui
valores importantes para o seu desenvolvimento social e individual.
Dessa forma, o
Lúdico analisado sob a ótica da Educação Infantil nos faz perceber o importante
papel do professor, pois é ele quem cria condições pra a criança através da
organização dos espaços, disponibilização de materiais e participação nas
brincadeiras.
Oliveira
(2000) comenta que atualmente percebemos uma crescente desvalorização da
espontaneidade da criança, que dá lugar aos conteúdos a serem desenvolvidos,
com isso, se ignora os aspectos educativos do brincar. Portanto é urgente e
necessário que o professor procure ampliar cada vez mais as vivências da
criança com o brincar, e que aproveite o máximo da interação e expressão da
criança nestes momentos.
O brincar
analisado pelo seu aspecto educacional, proporciona não só um meio de
aprendizagem, mas permite que os adultos conheçam melhor a criança, através da
sua postura durante as brincadeiras. Portanto, o brincar favorece um importante
requisito para a avaliação da criança no que diz respeito a sua evolução de
aprendizagem e do desenvolvimento em geral.
Oliveira (2000) ressalta que o lúdico está entre os recursos
didáticos mais eficazes da prática educativa. Útil em qualquer faixa etária,
nos mais diversos ambientes de ensino-aprendizagem. A ludicidade, assim como
qualquer método ou técnica, é aprovada desde que não se torne rotina, sendo
sempre para o aluno uma novidade provocadora de interesse e estímulo para o
alcance do objetivo esperado.
|
Vale considerar, que quando falamos sobre a
importância do lúdico na para a criança da Educação Infantil, não significa
promover apenas atividades como jogos, brincadeiras, mas sim, propiciar
atividades capazes de influenciar o modo de ser dos alunos. Pois, o brincar influencia a vida da criança
através da criação de condições em que ela pode desenvolver sua criatividade,
sua interação e relação com o real.
Nesse sentido, a
brincadeira não deve somente estar associada a uma aprendizagem restrita a
escola. Pois, o brincar deve ser um momento em que as crianças se apropriam e
reelaboram a cultura.
Para Brasil
(1998) o objetivo pedagógico relacionado ao brincar, não pode ter o intuito de
controlar a brincadeira livre, pois dessa forma tira dela as possibilidades de
existir. Portanto, é importante ressaltar que a brincadeira não deve ser
condicionada, o espaço da educação infantil deve propiciar às crianças o
desenvolvimento de atividades lúdicas livres e espontâneas.
Para se
desenvolver um ambiente favorável à ludicidade é preciso compreender que para
brincar é preciso que as crianças tenham certa independência para escolher os
brinquedos, os papéis que vão desempenhar os colegas. E essa escolha tem que
ser respeitada pelo adulto, pois, dependem exclusivamente da vontade de quem
brinca.
Através dessas
escolhas as crianças tornam-se capazes de vivenciar brincadeiras que possam
favorecer a resolução de problemas, além de ajudá-las a compreender e
interpretar as situações cotidianas.
As brincadeiras propiciam
uma ampliação dos conhecimentos infantis por meio da atividade lúdica. E muitas vezes funcionam como ferramenta de ensino,
onde desenvolvemos conteúdos presentes nas brincadeiras.
O professor nesse contexto
tem o importante papel de dar significado pedagógico para o ato de brincar.
Cabe a ele aproveitar a ludicidade para desenvolver e explorar a aprendizagem
das crianças. É ele quem organiza a base do brincar, por meio da oferta de
objetos, fantasias, brinquedo, é responsável pela delimitação do espaço e do
tempo para brincar.
É importante definir os
objetivos do brincar nas suas diversas utilizações. Há momentos que as brincadeiras
são utilizadas como recurso didático, ou seja, são aplicados para que sejam
vencidos conteúdos, nesta circunstância não se pode avaliar criatividade e
espontaneidade como nas atividades onde o brincar ocorre como um ato livre e
espontâneo. Portanto é preciso que o professor tenha consciência que nas
brincadeiras as crianças recriam aquilo que sabem sobre as mais variadas formas
de expressão, e cabe a ele, avaliar e conduzir essas expressões.
De
acordo com Brasil (1998) para que as aprendizagens infantis ocorram com sucesso
é preciso considerar alguns tópicos que favoreceram para a organização do
trabalho educativo, pautado no incentivo a ludicidade:
·
A interação com
crianças da mesma idade e em idades diferentes favorecem a aprendizagem.
·
Os conhecimentos
prévios de cada criança ajudam na interação das mesmas.
·
A individualidade e a
diversidade
·
O grau de desafios
que as atividades apresentam e a significatividade das atividades propostas.
·
A resolução de
problemas como forma de aprendizagem.
Brincar livremente não
significa que não possa haver intervenção do professor. E bom esclarecer que em
determinadas situações se faz necessário tal intervenção, no sentido de ampliar
as capacidades de apropriação de conhecimentos. Para isso, o professor teve ter
consciência da singularidade de cada criança, de acordo com seu
desenvolvimento, faixa etária e necessidade.
O professor de Educação
Infantil, neste contexto constitui-se, portanto, “no parceiro mais experiente,
por excelência, cuja função é propiciar e garantir um ambiente rico, prazeroso,
saudável e não discriminatório de experiências educativas sociais variadas”.
(BRASIL, 1998, p. 30)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a pesquisa foi possível compreender que os jogos
e as brincadeiras contribuem muito para a aprendizagem da criança, em inúmeros
aspectos como, motricidade, aquisição de conceitos matemáticos, socialização,
desenvolvimento do raciocínio, da atenção.
E que, podem ser explorados por professores e alunos em diversos
aspectos do conhecimento.
Quanto à formação moral da criança, verificou-se que
esta é bastante desenvolvida pelos jogos e brincadeiras, pois propicia às
crianças a se relacionarem de forma lúdica com valores essenciais para a vida
em sociedade, como o respeito, a lealdade e a honestidade.
O lúdico ocupa um lugar importante no imaginário
infantil, proporcionando condições de interpretação da realidade, de forma a
promover na crianças articulações entre a realidade e a sua forma de expressão.
Com isso, a capacidade de sintetizar informações, de compreender o mundo e por
assim dizer melhorar sua aprendizagem.
Por meio das brincadeiras os
professores podem perceber o desenvolvimento das crianças, analisando o grau de
liderança, a maneira com que lidam com o outro, como resolvem os problemas,
suas capacidades para o uso da linguagem dentre outros aspectos. Por isso, é
importante que o professor disponibilize recursos que propiciem às crianças
disponibilidade de escolherem temas, papéis e que assim possam elaborar de
maneira particular suas emoções, sentimentos e interpretações.
Futuras pesquisas podem ser desenvolvidas sobre cada
área de contribuição citada acima, onde poderiam ser analisadas de forma mais
detalhada e aprofundada os aspectos de contribuição favorecidos pelo jogo.
Quanto ao resultado da pesquisa, minhas expectativas
foram superadas, visto a comprovação da minha hipótese de que os jogos
contribuem para a aprendizagem e a formação da criança.
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