ROTINA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
A rotina é um elemento importante
da Educação Infantil, por proporcionar à criança sentimentos de estabilidade e
segurança. Também proporciona à criança maior facilidade de organização
espaço-temporal, e a liberta do sentimento de estresse que uma rotina
desestruturada pode causar. Entretanto, como vimos, a rotina não
precisa ser rígida, sem espaço para invenção (por parte dos professores e das
crianças). Pelo contrário a rotina pode ser rica, alegre e prazerosa,
proporcionado espaço para a construção diária do projeto político-pedagógico da
instituição de Educação Infantil.
Hora da Roda
Na roda, o professor recebe as
crianças, proporcionando sensações como acolhimento, segurança e de pertencer
àquele grupo, aos pequenos que vão chegando. Para tal, pode utilizar jogos de
mímica, músicas e mesmo brincadeiras tradicionais, como “adoleta” e
“corre-cotia”,, promovendo um verdadeiro “ritual” de chegada. Após a chegada, o
educador deve organizar a roda de conversa, onde as crianças podem trocar
idéias e falar sobre suas vivências. Aqui cabe ao educador organizar o espaço,
para que todos os que desejam possam falar, para que todos estejam sentados de
forma que possam ver-se uns aos outros, além de fomentar as conversas, estimulando
as crianças a falarem, e promovendo o respeito pela fala de cada um. Através
das falas, o professor pode conhecer cada um de seus alunos, e observar quais
são os temas e assuntos de interesse destas. Na roda, o educador pode
desenvolver atividades que estimulam a construção do conhecimento acerca de
diversos códigos e linguagens, como, por exemplo, marcação do dia no
calendário, brincadeiras com crachás contendo os nomes das crianças, jogos dos
mais diversos tipos (visando apresentá-los às crianças para que, depois, possam
brincar sozinhas) e outras. Também na roda deverão ser feitas discussões acerca
dos projetos que estão sendo trabalhados pela classe, além de se apresentar às
crianças as atividades do dia, abrindo, também, um espaço para que elas possam
participar do planejamento diário. O tempo de duração da roda deve equilibrar
as atividades a serem ali desenvolvidas e a capacidade de
concentração/interação das crianças neste tipo de atividade.
Artes Plásticas
O trabalho com artes plásticas na
Educação Infantil visa ampliar o repertório de imagens das crianças,
estimulando a capacidade destas de realizar a apreciação artística e de leitura
dos diversos tipos de artes plásticas (escultura, pintura, instalações). Para
tal, o professor pode pesquisar e trazer, para a sala de aula, diversas
técnicas e materiais, a fim de que as crianças possam experimentá-las,
interagindo com elas a seu modo, e produzindo as suas próprias obras,
expressando-se através das artes plásticas. Assim, elas aumentarão suas possibilidades
de comunicação e compreensão acerca das artes plásticas. Também poderão
conhecer obras e histórias de artistas (dos mais diversos estilos, países e
momentos históricos), apreciando-as e emitindo suas idéias sobre estas
produções, estimulando o senso estético e crítico.
Hora da História
Podemos dizer que o ato de contar
histórias para as crianças está presente em todas as culturas, letradas ou não
letradas, desde os primórdios do homem. As crianças adoram ouvi-las, e os
adultos podem descobrir o enorme prazer de contá-las. Na Educação Infantil,
enquanto a criança ainda não é capaz de ler sozinha, o professor pode ler para
ela. Quando já é capaz de ler com autonomia, a criança não perde o interesse de
ouvir histórias contadas pelo adulto; mas pode descobrir o prazer de contá-las
aos colegas. Enfim, a “Hora da História” é uma momento valioso para a educação
integral (de ouvir, de pensar, de sonhar) e para a alfabetização, mostrando a
função social da escrita. O professor pode organizar este momento de diversas
maneiras: no início ou fim da aula; incrementando com músicas, fantasias,
pinturas; organizando uma pequena biblioteca na sala; fazendo empréstimos de
livros para que as crianças leiam em casa, enfim, há uma infinidade de
possibilidades.
Hora da Brincadeira
Brincar é a linguagem natural da
criança, e mais importante delas. Em todas as culturas e momentos históricos as
crianças brincam (mesmo contra a vontade dos adultos). Todos os mamíferos, por
serem os animais no topo da escala evolutiva, brincam, demonstrando a sua
inteligência. Entretanto, há instituições de Educação Infantil onde o brincar é
visto como um “mal necessário”, oferecido apenas por que as crianças insistem
em fazê-lo, ou utilizado como “tapa-buraco”, para que o professor tenha tempo
de descansar ou arrumar a sala de aula. Acreditamos que a brincadeira é uma
atividade essencial na Educação Infantil, onde a criança pode expressar suas
idéias, sentimentos e conflitos, mostrando ao educador e aos seus colegas como
é o seu mundo, o seu dia-a-dia. A brincadeira é, para a criança, a mais valiosa
oportunidade de aprender a conviver com pessoas muito diferentes entre si; de
compartilhar idéias, regras, objetos e brinquedos, superando progressivamente o
seu egocentrismo característico; de solucionar os conflitos que surgem,
tornando-se autônoma; de experimentar papéis, desenvolvendo as bases da sua
personalidade. Cabe ao professor fomentar as brincadeiras, que podem ser de
diversos tipos. Ele pode fornecer espelhos, pinturas de rosto, fantasias,
máscaras e sucatas para os brinquedos de faz-de-conta: casinha, médico,
escolinha, polícia-e-ladrão, etc. Pode pesquisar, propor e resgatar jogos de
regra e jogos tradicionais: queimada, amarelinha, futebol, pique-pega, etc.
Pode confeccionar vários brinquedos tradicionais com as crianças, ensinando a
reciclar o que seria lixo, e despertando o prazer de confeccionar o próprio
brinquedo: bola de meia, peteca, pião, carrinhos, fantoches, bonecas, etc. Pode
organizar, na sala de aula, um cantinho dos brinquedos, uma “casinha” além de,
é claro, realizar diversas brincadeiras fora da sala de aula. Além disso, as
brincadeiras podem despertar projetos: pesquisar brinquedos antigos, fazer uma
Olimpíada na escola, ou uma Copa do Mundo, etc.
Hora do Lanche/Higiene
Devemos lembrar que comer não é
apenas uma necessidade do organismo, mas também uma necessidade psicológica e
social. Na Bíblia, por exemplo, encontramos dezenas de situações em que Jesus
compartilhava refeições com seus discípulos, fato que certamente marcou nossa
cultura. Em qualquer cultura os adultos (e as crianças) gostam de realizar
comemorações e festividades marcadas pela comensalidade (comer junto). Por
isso, a hora do lanche na Educação Infantil não deve atender apenas às
necessidades nutricionais das crianças, mas também às psicológicas e sociais:
de sentir prazer e alegria durante uma refeição; de partilhar e trocar
alimentos entre colegas; de aprender a preparar e cuidar do alimento com
independência; de adquirir hábitos de higiene que preservam a boa saúde. Por
isto, a hora do lanche também deve ser planejada pelo professor. A disposição
dos móveis deve facilitar as conversas entre as crianças; deve haver lixeiras e
material de limpeza por perto para que as crianças possam participar da higiene
do local onde será desfrutado o lanche (antes e depois dele ocorrer); deve
haver uma cesta onde as crianças possam depositar o lanche que desejam trocar
entre si (estimulando a socialização e, ao mesmo tempo, o cuidado com a
higiene). Além disso, é importante que o professor demonstre e proporcione às
crianças hábitos saudáveis de higiene antes e depois do lanche (lavar as mãos,
escovar os dentes, etc.). O lanche também pode fazer parte dos projetos
desenvolvidos pela turma: pesquisar os alimentos ais saudáveis, plantar uma
horta, fazer atividades de culinária, produzir um livro de receitas, fazer
compras no mercado para adquirir os ingredientes de uma receita, dentre outras,
são atividades às quais o professor pode dar uma organização pedagógica que
possibilite às crianças participar ativamente, e elaborar diversos projetos
junto com a turma.
Atividades Físicas/Parque
Fanny Abramovich lembra-nos, com
muito humor, o papel usualmente atribuído ao movimento nas nossas escolas: “Não
se concebe que o aluno sequer possua um corpo. Em movimento permanente. Que
encontre respostas através de seus deslocamentos. Um corpo que é fonte e ponte
de aprendizagens, de reconhecimentos, de constatações, de saber, de prazer.
Basicamente, possui cabeça (para entender o que é dito) e mão (para anotar o
que é dito). Portanto, pode e deve ficar sentado o tempo todo da aula. Breves
estiramentos, andadelas rápidas, podem ser efetuadas nos intervalos. No mais,
os braços são úteis para segurar livros/cadernos/papéis e pés e pernas se satisfazem
ao ser selecionados para levantar/perfilar/sair. E basta.” (ABRAMOVICH, 1998,
p. 53) Na Educação Infantil, o principal objetivo do trabalho com o movimento e
expressão corporal é proporcionar à criança o conhecimento do próprio corpo,
experimentando as possibilidades que ele oferece (força, flexibilidade,
equilíbrio, entre outras). Isto proporcionará a ela integrá-lo e aceitá-lo,
construindo uma auto-imagem positiva e confiante. Para isso o professor deve
proporcionar atividades, fora e dentro da sala de aula, onde a criança possa se
movimentar. Alongamentos, ioga, circuitos, brincadeiras livres, jogos de
regras, tomar banho de mangueira, subir em árvores... São diversas as
possibilidades. O professor deve organizá-las e planejá-las, mas sempre com um
espaço para a invenção e colaboração da criança. O momento do parque também
assume uma conotação diferente. Não é apenas um intervalo para descanso das
crianças e dos professores. É mais um momento de desafio, afinal, há aparelhos,
árvores, areia, baldinhos e pás, pneus, cordas, bolas, bambolês e tantas
brincadeiras que esses materiais oferecem. O professor deve estar próximo,
auxiliando e estimulando a criança a desenvolver a sua motricidade e
socialização, ajudando, também, a resolver os conflitos que surgem nas
brincadeiras quando, porventura, as crianças não forem capazes de solucioná-los
sozinhas.
Atividades Extra-Classe
(Interação com a comunidade)
A sala de aula e o espaço físico
da escola não são os únicos espaços pedagógicos possíveis na Educação Infantil.
Em princípio, qualquer espaço pode tornar-se pedagógico, dependendo do uso que
fazemos dele. Praças, parques, museus, exposições, feiras, cinemas, teatros,
supermercados, exposições, galerias, zoológicos, jardins botânicos, reservas ecológicas,
ateliês, fábricas e tantos outros. O professor deve estar atento à vida da
comunidade e da cidade onde atua, buscando oportunidades interessantes, que se
relacionem aos projetos desenvolvidos na classe, ou que possam ser o início de
novos projetos. Isto certamente enriquecerá e ampliará o projeto
político-pedagógico da instituição, que não precisa ser confinando à área da
escola. Pode haver até mesmo intercâmbios com outras instituições educacionais
Sugestão de rotina:
Educação infantil:
· Acolhida: saudação, oração, guarda de material, músicas, etc.
· Quadro de rotina
· Rodinha (conversa sobre como eles estão, hora da novidade, etc.)
· Calendário (dia, mês, ano, aniversariantes, etc.) e tempo;
· Chamada interativa ou “Quantos somos?”
· Escolha do ajudante do dia;
· Retomar o dever de casa do dia anterior (cada um deverá mostrar o que fez, o
que mais gostaram de fazer, etc. Caso algum aluno tenha feito de forma
incorreta, retomar com ele num momento oportuno para que ele corrija ou refaça
caso seja necessário)
· Atividade de sala (individual, grupo, desenho, informática, vídeo, jogos,
brincadeiras, pintura, modelagem, etc.)
· Parquinho
· Lanche
· Escovação
· Atividades de sala
· Dever de casa (passando dever de casa)
· História
· Relaxamento com música
Ensino Fundamental
· Calendário (dia, mês, ano, data cívica, aniversariantes)
· Quadro de rotina
· Dever de casa (passando e explicando o dever do dia)
· Agenda
· Chamada
· Dever de casa (correção dos deveres passados em dias anteriores)
· Atividades de sala (individual, grupo, informática, vídeo, jogos,
brincadeiras, pintura, caderno, livro, etc.)
· Lanche
· Escovação
· Recreio
· Atividades de sala
· Organização da sala
Bibliografia
AROEIRA, Maria Luísa C.; SOARES, Inês B. & MENDES, Rosa Emília de A.
Didática de pré-escola: vida criança: brincar e aprender. São Paulo: FTD, 1996.
MORANGON, Cristiane. Um quadro de rotinas. Revista Nova Escola. Edição nº160.
São Paulo: Editora Abril, março, 2003.