sábado, 14 de novembro de 2015

PROTAGONISMO E PARTICIPAÇÃO INFANTIL

1  INTRODUÇÃO

Objetiva-se com este trabalho realizar uma pesquisa bibliográfica teórico-conceitual que embase a discussão sobre os aspectos da prática com criança de 3 a 5 anos.
Primeiramente foi realizada a leitura do texto proposto e a apreciação do vídeo, seguida de uma pesquisa complementar na internet e em livros para elaboração da presente produção textual.

2  DESENVOLVIMENTO

A partir do momento em que a criança passou a ser aceita socialmente como um sujeito de direito, passou a ter o reconhecimento formal de direitos e também as condições do seu exercício através de uma plena participação e de um real protagonismo.
Na concepção de Sarmento a criança é um cidadão pequeno, mas, nem por isso menor. Ele reconhece a criança como um ator social, pleno e integrado à sociedade e, acima de tudo, produtor de cultura. Neste sentido, a escola precisa se estruturar de forma a dar condições desse ator social se formar, crescer e participar das interações sociais.
Para Sarmento os educadores somente serão capazes de cumprir seu papel se estiverem atentos às necessidades dos alunos e da comunidade e aproveitarem as oportunidades dadas pela realidade dos pequenos e da escola, considerando inclusive o que é imprevisível. Para educar, é preciso aproveitar não só os recursos pedagógicos existentes como também as dinâmicas sociais geradas em cada contexto. 
Ouvir a criança passa a ser para Sarmento a base de todo trabalho pedagógico, pois, as crianças dizem muito sobre a sociedade. É importante considerar que eles não se comunicam usando só a linguagem verbal, mas também se valendo de representações e desenhos que revelam coisas absolutamente extraordinárias. Eles dão informações muito consistentes sobre a reprodução do mundo e da vida. As crianças têm, porventura, maior plasticidade que os adultos quando se trata de interpretação cultural e de compreender o outro. No entanto, isso não significa que elas sejam incapazes de excluí-lo ou recusá-lo ou ainda de expressarem afirmações racistas e até mesmo bastante violentas.
Junqueira fala de um protagonismo compartilhado, onde crianças e adultos (alunos e professores) compartilhem o protagonismos, ou seja, ambos se relacionem mostrando o que pensam sobre o conhecimento e seu entorno. Junqueira destaca ainda que geralmente na escola, principalmente na Educação Infantil, o protagonista é sempre o professor devido a sua estreita relação com o conhecimento.
As crianças têm um jeito singular de ser no mundo, o jeito delas de ser protagonistas e não precisam mudar este jeito para atender ao conceito de protagonismo que o adulto espera deles. Junqueira destaca que tanto o aluno quanto o professor pode exercer seu protagonismo sem anular um ao outro e é este o caminho que ele coloca para as práticas pedagógicas. Neste contexto, o olhar das crianças é que devem orientar os projetos de trabalho dos professores. Pois, existem infinitas possibilidades de expressão do ser humano em sua primeira idade.
Deve-se considerar o papel de protagonista da criança em sua educação, proporcionando controle sobre os direcionamentos da aprendizagem e valorização de sua linguagem pela maneira singular que cada criança tem para se expressar.
O conceito de protagonismo infantil envolve uma concepção da criança como ator social, tanto em suas próprias vidas como na sociedade. É um conceito que entende a criança como pessoas com direitos, capacidades e valores próprios, participantes de seu processo de crescimento e desenvolvimento.
Por isso, o protagonismo, definitivamente, não é só uma proposta conceitual, senão que possui de modo inerente um caráter político, social, cultural, ético, espiritual, que, portanto, reclama uma pedagogia e convida a repropor o ‘status’ social da infância e do adulto, de seus papéis na sociedade local e no conceito dos povos. (SARMENTO, SOARES E TOMÁS,2015).


Conforme afirmou Junqueira o protagonismo significa assumir responsabilidades, contribuir e construir conjuntamente, em tal sentido o considera como ponto de união, de encontro, não compatível com nenhuma forma de separação ou dispersão. Implica interação e interrelação com o seu ambiente, com os outros. Não é um eu protagonista, é um nós; o protagonismo, como tal, tem que ser fecundo no desenvolvimento do protagonismo dos outros.
A construção pedagógica das escolas que incentivam a participação juvenil deve-se concretizar dentro de uma perspectiva sócio construtivista onde o conhecimento se constrói através da ação do sujeito, se constrói no contexto, junto com a inovação social e com a cultura do grupo, crianças aprendem pelas experiências e nas experiências da ação e do fazer.
Desta forma, compreender a criança protagonista remete-nos a entendê-la como sujeito ativo e produtora de cultura. A Educação Infantil é um espaço de criação das culturas infantis, a criança é protagonista nesse sistema de relações e trocas com os demais sujeitos, que as possibilita viver experiências ricas e diversificadas em interação com a realidade social, cultural e natural (SAROBA, 2014).
O professor deve ter dentro outras ações, um cuidado com o espaço, com ambiente escolar, considerando seu importante papel de propiciar a interação das crianças com várias situações e pessoas. Para tanto as crianças devem ser estimuladas a tocar, sentir, fazer, se relacionar e explorar o que está a sua volta, para conhecerem a si mesmas e ao mundo no qual estão inseridas.
A relação entre as crianças e os vários ambientes deve ser sempre estimulada, buscando favorecer novas experiências para as crianças, desde a visita a cozinha, a sala de arte, sugerindo a não-divisão dos potenciais educativos. A estrutura física da escola deve ser pensada na busca de um ambiente educativo e lúdico, fazendo com que o espaço seja considerado “um terceiro professor”
Uma educação com o pressuposto do protagonismo infantil, deve considerar que as crianças é que orientam os rumos da sua aprendizagem, não são sujeitos passivos que aprendem, mas, atores do seu processo de aprendizagem. Nesse processo, a criança argumenta e se expressa, o que produz com suas mãos, como brinca, como debate idéias, como sua investigação funciona.  O professor participa do trabalho das crianças, mas não se coloca de forma frontal e sim como construtor do percurso construído, numa direção compartilhada  e solidária com as crianças.
Saroba (2014, pag. 1) entende que,
a Educação Infantil se constitui em um importante espaço de interações e trocas entre os protagonistas que integram nesse espaço. A criança, por sua vez, sendo um dos protagonistas, deve ter garantido o seu espaço de participação. Contudo, necessita viver experiências na escola, as quais possam expressar suas potencialidades, desenvolvimento, e construir conhecimento através de trocas construídas nas relações com os adultos com as outras crianças e o ambiente a que se insere.

O professor deve ter a imagem da criança como alguém potente, forte, poderosa, capaz de construir estratégias de aprendizagem, atenta à sua atualidade, que toma decisões e que, na interação com o outro, constrói conhecimento.
O professor deve considerar o espaço como um instrumento de estímulo para as crianças, transmitindo segurança e sensação de acolhimento, respeitando a faixa etária e o seu desenvolvimento. A relação entre as crianças e os vários ambientes deve ser sempre estimulada, buscando favorecer novas experiências. A estrutura física da escola deve ser pensada na busca de um ambiente educativo e lúdico.
A escola deve ser entendida não apenas na finalidade de ensinar as crianças conteúdos escolares as crianças, mas levá-las a descobrirem o mundo, a entender como a comunicação melhora a autonomia do individuo e de sua relação com o grupo. Para tanto, faz-se necessário valorizar o potencial que o diálogo, o debate têm para repensar seus modos de agir e de comunicar suas experiências.
A educação não é neutra, ela tanto produz quanto transforma a realidade, é através deve que o professor e os demais profissionais fazem nascer uma proposta de educação infantil numa concepção de criança portadora de história, capaz de múltiplas relações, construtora de culturas infantis, sujeitos de direitos.
A criança é entendida como protagonista deve ser vista como ativa, inventiva, capaz de explorar, curiosa, exprimindo-se nas suas diferentes 100 linguagens, ou seja, a criança deve ser o centro da proposta educativa. Por isso, a importância fazerem as crianças se sentirem reconhecidas como sujeitos de direitos individuais, como portadoras e construtoras de suas próprias culturas, participantes ativas da organização de suas identidades, autonomias e competências através das relações com os colegas, com os adultos, com as idéias e imaginários.
O professor deve considerar em sua proposta pedagógica o respeito aos direitos das crianças de realizarem e expandirem suas potencialidades, valorizando-as, dando importância ao afeto, satisfazendo as necessidades de aprendizagens, mais do que transmitir os conhecimentos e habilidades, incentivarem a busca das estratégias de pensar e agir. Olhar para as crianças como: dimensão de valor de uma humanidade.
Os professores devem ter como tarefa prioritária, a escuta e o reconhecimento das múltiplas potencialidades de cada criança, observada e atendida em sua individualidade, apóia a consolidação de pontes entre as diversas descobertas da criança, pela ideia de experimentar, de descobrir o mundo.
A troca de experiências deve ser incentivada entre os alunos, criando espaços que estimule a fala, o debate, onde a participação de todos é encorajada. Ao professor cabe o estímulo, a mediação para que a criança amplie sua percepção e faça conexões que produzam novas leituras, também reforça que independente da experiência adquirida, o conhecimento é um patrimônio de todos.
O professor deve participar do trabalho das crianças, mas não se deve colocar de forma frontal e sim como construtor do percurso construído, numa direção compartilhada e solidária com as crianças.
Outro aspecto importante de uma escola preocupada com o protagonismo infantil é a perspectiva inclusiva e valorização da diversidade. As escolas devem manter uma capacidade de integração com todas as crianças. A postura dos profissionais deve evidenciar outro valor comum a essa experiência educativa: o acolhimento irrestrito das diferenças.









3  CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho nos proporcionou uma reflexão acerca do protagonismo infantil na educação. Pudemos perceber que em todo momento a criança precisa ser vista como protagonista, como alguém capaz de apreender com o meio e ler o mundo utilizando diversas linguagens.
O trabalho fortaleceu nossa concepção sobre o conceito de protagonismo infantil, como um processo onde a criança é valorizada como sujeito ativo, capaz de interpretar o mundo utilizando multiplicas linguagens.
Acreditamos que a proposta de protagonismo compartilhado é muito adequada para a Educação Infantil e que recebendo uma formação como esta as crianças terão melhores condições de se posicionar como cidadãos diante da sociedade, sendo capaz de opinar, expressar ideias e interpretar o mundo que a cerca.




REFERÊNCIAS

NICOLIELO, Bruna. Conheça experiências brasileiras inspiradas em Reggio Emília. Disponível no site http://revistaescola.abril.com.br/creche-pre-escola/conheca-experiencias-brasileiras-inspiradas-reggio-emilia-770428.shtml#ad-image-0 acesso em 02/10/2015.

Reportagem especial: as escolas de educação infantil de Reggio Emília – Itália. Disponível no site https://www.youtube.com/watch?v=4j8mtA_iDss. Acesso em 01/10/2015.

SAROBA, Camila Benatti. A Criança Como Protagonista De Transformação Na Escola: A Educação Empreendedora Em Questão. Revista Primus Vitam Nº 7 – 2º semestre de 2014. Disponível no site < http://mackenzie.br/fileadmin/Graduacao/CCH/primus_vitam/primus_7/camila.pdf> acesso em 25/10/2015.


JUNQUEIRA, Gabriel. Protagonismo compartilhado. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=45fug0nE7j0. Acesso em 16/10/2015.


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