OBS: A pesquisa abaixo foi extraída do site NOVA ESCOLA,. Eu utilizo as orientações para montar meus planos de aula. No site também tem os planos de aula(orientação) para cada eixo.
http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/0-a-3-anos/creche-pode-ensinar-548829.shtml
Eixos de aprendizagem das Creches/EMEI's
O que a creche pode
ensinar?
Entenda
quais são as experiências de aprendizagem para crianças até 3 anos e saiba como
cada uma delas influencia no desenvolvimento infantil
No Brasil, a ideia de um currículo para a Educação
Infantil nem sempre foi aceita. O termo, porém, ganhou força na última década,
quando passou a ser de fato compreendido como um conjunto de práticas
intencionalmente planejadas e avaliadas - um projeto pedagógico que busca
articular experiências e saberes da criança para inseri-la na cultura, capaz de
prepará-la para encarar o Ensino Fundamental da melhor maneira possível.
Para Jean
Piaget, o sujeito constroi seu próprio conhecimento, processo que se dá a
partir da interação com os outros e com o mundo dos objetos e das ideias. Por
isso, o currículo da creche deve apontar quais experiências de aprendizagem são
fundamentais para o desenvolvimento da criança, levando-se em conta as
principais conquistas deste período, como a marcha, a linguagem, a formação do
pensamento simbólico e a sociabilidade. É este projeto pedagógico que vai
orientar as ações e definir os parâmetros de desenvolvimento dos meninos e
meninas.
Em 1998,
o Ministério da Educação (MEC) publicou o Referencial Curricular Nacional para
a Educação Infantil, documento que aponta metas de qualidade para garantir o
desenvolvimento das crianças na creche e na pré-escola. Mas a elaboração de
propostas curriculares municipais é bem mais recente.
Conheça, abaixo, os sete eixos de aprendizagem da creche organizados por NOVA
ESCOLA para oferecer cuidado, segurança, acolhimento e condições para o
desenvolvimento subjetivo e intelectual das crianças entre 0 e 3 anos.
1. Exploração dos objetos e brincadeiras
O brincar é o principal modo de expressão da infância e uma das atitudes
mais importantes para que a criança se constitua como sujeito da cultura.
Quando brinca, a criança usa seus recursos para explorar o mundo, amplia
sua percepção sobre o ambiente e sobre si, organiza o pensamento, além de
trabalhar seus afetos e sensibilidades. Entre 0 e 2 anos, os bebês praticam os
chamados jogos de exercício - as brincadeiras sensório-motoras designadas por
Piaget, como quando os pequenos descobrem novos objetos ou imitam os gestos
corporais e vocais de seus parceiros mais experientes, colocando em ação um
conjunto de condutas que os ajudam a desenvolver suas potencialidades.
Por isso, desde o berçário, o professor deve observar e registrar as
ações das crianças ao longo da brincadeira para propor desafios diferenciados,
de acordo com a idade e a situação. O controle do corpo, os movimentos, as
expressões e a exploração dos cantinhos - espaços da creche intencionalmente
organizados para propor desafios - motivam os pequenos.
A partir dos 2 anos, as brincadeiras tradicionais, como as cirandas, são
facilmente aprendidas e o faz de conta propicia a criação por meio de uma negociação
de significados e regras compartilhadas. Quando brincam de faz de conta as
crianças analisam aspectos da vida cotidiana e conquistam espaços de poder que
as auxiliam a confrontar o mundo e os adultos. E é o faz de conta uma das
principais marca da entrada da criança no jogo simbólico, no universo da
cultura e da sociabilidade.
Orientações para este eixo
BERÇÁRIO Proponha brincadeiras diárias de esconder; encaixar peças;
construir pistas; experimentar as propriedades dos objetos: quais rodam e quais
não, quais flutuam e quais não, quais são duros e quais são moles; jogar bola;
cirandar; imitar gestos motores e vocais dos companheiros.
MINIGRUPO Brincar todos os dias é fundamental. Organize cirandas e
brincadeiras de roda; brincadeiras de esconde-esconde; pega-pega; jogos com
bola; faz de conta com uso de fantasias, marionetes e reprodução dos fazeres
adultos.
2. Linguagem oral e comunicação
A linguagem é um bem cultural e é através dela que o pensamento humano
se organiza. Na Educação Infantil é preciso garantir a constituição de sujeitos
falantes por meio das brincadeiras, das cantigas de roda, dos jogos e na
interação com os outros. No dia a di da creche é preciso trabalhar a
expressividade das crianças intencionalmente.
A fala é o principal instrumento de comunicação dos pequenos com os
professores e seus colegas. Desenvolver a oralidade, portanto, é uma das
habilidades esperadas nos primeiros anos de escolaridade.
Para dominar a oralidade, os pequenos colocam em jogo muitas
competências, como informar fatos, descrever, narrar, explicar, transmiti uma
informação a outra pessoa, contar acontecimentos passados, manifestar opiniões,
concordar e discordar, predizer, prever, levantar hipóteses, manifestar
dúvidas, expressar sentimentos e emoções. Mesmo os bebês são capazes de
compreender o que se passa ao redor, antes que comecem a falar. As interações
sociais são fundamentais para que os gestos e balbucios evoluam para expressões
orais concretas, e o professor tem o dever de acompanhar e estimular todo este
processo.
Quanto à linguagem escrita, é o adulto quem mostra às crianças o
significado dos livros. Antes mesmo da apreensão dessa linguagem, portanto, as
crianças devem ter contato com materiais impressos - seja ouvindo histórias,
seja manuseando-os. O objetivo é ampliar o repertório das crianças e ajudá-las
a organizar melhor o pensamento.
Leia histórias para as crianças, escreva as histórias contadas oralmente
pelos pequenos para que eles produzam seus primeiros textos, estimule a
comunicação em grupo, valorize as garatujas e ensine a escrita do nome próprio
ainda na pré-escola. A creche deve, também, ser uma porta para a descoberta da
funcionalidade da escrita, que desperte a curiosidade e estimule o início do
que será adiante desenvolvido como comportamento leitor. Segundo o psicólogo
Lev Vygotsky (leia mais sobre Pensadores), é preciso fruir a linguagem que se
usa para escrever e, portanto, as práticas de leitura são imprescindíveis na
vida diária dos bebês.
Orientações para este eixo
BERÇÁRIO e MINIGRUPO O contexto rico de interações estimula a criança a
expressar seus desejos, sentimentos e necessidades por meio do gestos,
balbucios e das situações coletivas de comunicação. Organize rodas de conversa
e atividades de observação e conte histórias. Deixe, também, que as crianças
imitem os colegas e aprendam a organizar instruções para as próprias
brincadeiras, seguindo receitas e regras.
3. Desafios corporais
Este eixo trata de um ponto importante de desenvolvimento. Embora os
bebês se movimentem desde o nascimento, um longo caminho de aprendizagem
precisa ser percorrido para que a criança domine seus movimentos, atribua
significações a si, aos outros e ao mundo. As ações reflexas são, aos poucos,
substituídas pela complexidade do sistema de coordenação motora - o que pode
ser amplamente estimulado pelas brincadeiras e na organização dos cantos na
creche, que oferecem obstáculos e desafios à movimentação.
Assim como no desenvolvimento da linguagem, o movimento pode também
introduzir a criança no mundo simbólico. É um ato cultural, no qua as crianças
tanto imitam, quanto criam. Conhecer o corpo inclui trabalhar diferentes áreas,
como as ciências e as artes.
Por isso, o professor deve reconhecer os movimentos da criança sem
considerá-los "indisciplina", mas registrando os avanços motores. É
indispensável, portanto, que a escola ofereça espaços para a criança rolar,
sentar, engatinhar, andar, correr, saltar, segurar objetos e arremessá-los,
manipulá-los e encaixá-los.
Mantenha a regularidade das propostas que envolvem os desafios corporais
e introduza, se possível, atividades esportivas, de dança e circenses ao
cotidiano da creche.
Orientações para este eixo
BERÇÁRIO Estimule que os pequenos explorem diferentes espaços através de
diversos movimentos, como engatinhar, sentar, manipular objetos, arrastar-se,
rolar (circuito de obstáculos: túneis, passar por baixo de..., pneus etc.). A
partir da conquista da marcha, as crianças podem aprender a correr, saltar,
pular, subir e descer com maior autonomia. MINIGRUPO Propicie a exploração dos
desafios oferecidos pelo espaço por meio da coordenação entre movimentos
simultâneos. Ofereça, também, orientação corporal com relação às noções de
frente, trás, em cima, embaixo, dentro e fora.
4. Exploração do ambiente
Para que as crianças possam aprender e agir sobre o ambiente em que
estão inseridas, os cinco sentidos são mobilizados. Desde muito pequenos, os
bebês são curiosos e observadores e a creche é o lugar para transformar esta
curiosidade em conhecimento - sobre os animais, as plantas, os lugares, a
tecnologia e o comportamento humano.
Neste eixo, os pequenos desenvolvem as habilidades para compreender o
mundo físico e o social, atribuir explicações para os fenômenos da natureza e da
sociedade em que vivem. Começam levando praticamente todos os objetos à boca e,
aos poucos, tornam-se capazes de interpretar, de modo bastante particular,
fenômenos complexos, como a diferença entre o dia e a noite.
Para tanto, estimule a observação, a construção de problemas de
investigação e faça com que as crianças criem, no dia a dia, hipóteses a serem
desvendadas. Na pré-escola, os pequenos devem saber como observar fenômenos
constantes e esporádicos, distinguir luz e sombra, quente e frio, liso e áspero,
escolher critérios de classificação dos objetos, completar modelos e reconhecer
materiais diferentes. Brincadeiras, experiências e jogos que envolvam estes
conhecimentos são atividades fundamentais.
Orientações para este eixo
BERÇÁRIO Proponha brincadeiras com água, areia, terra e pasta de maisena
para a exploração de texturas e propriedades dos materiais, como a temperatura
e a consistência. Faça com que as crianças reconheçam sons altos e baixos,
propicie as explorações de cheiros com alimentos e objetos e apresente
situações que ilustrem reações de causa e efeito, por meio de brincadeiras e
interações.
MINIGRUPO Deixe que os pequenos atuem sobre objetos e materiais sob sua s;
a elaboração de problemas simples; a convivência com regras; assim como a
comparação de características físicas de lugares, pessoas e animais.
orientação. Estimule a criação de misturas; a observação de diferenças e
semelhanças entre objeto
5. Identidade e autonomia
A criança se reconhece como tal a partir do reconhecimento do outro. À
medida que são atendidos em suas necessidades básicas, os bebês identificam as
pessoas que cuidam deles e aprendem a localizar-se no ambiente. Reconhecem que
são distintos do restante do mundo ao levar os próprios pés e mãos à boca,
antes dos seis meses. Em seguida, passam pelo reconhecimento da própria imagem
no espelho, uma passagem fundamental para diferenciar o "eu" do
outro.
Nas experiências de cuidado na creche, as crianças aprendem a vestir-se,
pentear-se, alimentar-se e fazer sua higiene. Além disso, aprendem a sentir-se
bem com esses hábitos. O professor - que é o principal parceiro da criança nas
ações de autocuidado e precisa estar ciente do conteúdo simbólico de cada um
desses hábitos - deve propiciar atividades contínuas de estímulo à autonomia,
pois é com essas experiências que a criança entende as capacidades e
inabilidades humanas e compreende as diferenças entre as pessoas como elementos
de legitimidade. Com isso, os pequenos constroem sua forma de perceber e reagir
às mais diversas situações, de acordo com possíveis regras de sociabilidade.
Na creche, a criança precisa aprender a lidar com a própria segurança.
Espera-se que ao final da pré-escola os pequenos tenham hábitos regulares de
higiene pessoal, controlem os esfíncteres - abandonando as fraldas por volta
dos 2 anos - e auxiliem o adulto a vesti-la. Entre 2 e 3 anos, que expressem
suas preferências, alimentem-se com talheres, não coloquem a mão suja na boca,
não manuseiem objetos pontiagudos e busquem o próprio conforto. Por isso, a
alimentação, a limpeza e organização dos espaços da escola, o conforto dos
ambientes, as aprendizagens coletivas e as brincadeiras com água são pontos
importantes, que precisam ser amplamente planejados pelos educadores.
Orientações para este eixo
BERÇÁRIO e MINIGRUPO Organize jogos interativos com adultos e crianças;
faça com que os pequenos se familiarizem com a própria imagem corporal;
estimule a comunicação com diferentes parceiros; ensine a apropriação de regras
de convívio social e de hábitos de autocuidado; dialogue para ajudar as
crianças a solucionar dúvidas e conflitos e para que reconheçam e respeitem as
características físicas e culturais dos colegas.
6. Exploração e linguagem plástica
As crianças pequenas observam e atuam no mundo com curiosidade, sem
obedecer a padrões previamente estabelecidos. O contato com as linguagens
plásticas desde bebês estimula a capacidade de explorar formas, cores, gestos e
sons. Para agir de forma produtiva nesse eixo, é fundamental valorizar a
atitude investigativa dos pequenos. Uma creche com ambiente favorável e
professores conscientes de que o processo dos pequenos é mais importante do que
os produtos resultantes deste processo tende a formar crianças mais abertas a
desafio expressivos e, portanto, às artes.
A creche deve propiciar muitos momentos de pesquisa, experimentação e
variedade de materiais e suportes - que devem ser apresentados à crianças antes
da realização de cada atividade. O trabalho frequente com melecas, giz, tintas
feitas à base de pigmentos naturais, em cartazes, nas paredes da creche ou em
folhas de papel é essencial.
Orientações para este eixo
BERÇÁRIO Propicie o acesso a diferentes manifestações do campo visual -
desenho, pintura, fotografia e estimule o reconhecimento e a exploração das primeiras
marcas gráficas.
MINIGRUPO Nessa fase a criança forma um repertório de imagens de
referência. Por isso, proponha diversas experimentações artísticas co melecas,
tintas e misturas, valorize as garatujas e faça com que os pequenos reconheçam
os próprios desenhos e explorem as relações de espacialidade.
7. Linguagem musical e expressão corporal
Por volta dos vinte dias de idade os bebês são capazes de reconhecer a
voz materna. Antes disso, no entanto, já estão imersos no mundo sonoro e
conseguem distinguir a voz humana de outros ruídos. O primeiro contato com a
música, nas cantigas e brincadeiras maternas, é essencial para que a criança
crie vínculos - fenômeno que tende a ampliar-se no berçário, quando o bebê
conhece uma profusão de sons e o professor abre um novo canal comunicativo. As
músicas ligadas a gestos e a brincadeiras tornam-se fontes inesgotáveis de
exploração. Com alguns meses de vida, a criança passa a chacoalhar, bater e
interagir com objetos diversos, em busca de novos sons.
Para que os pequenos desenvolvam percepções de timbre, duração, altura
ou intensidade sonora - mesmo que não saibam nomear essas características na
creche - o professor deve cantar muito, tanto para o bebê, quanto nas
atividades em grupo, além de estimular os pequenos a ouvir música,
independentemente da idade. O professor tem a responsabilidade de ampliar o
repertório das crianças, apresentando canções regionais e folclóricas. Assim
que possível, deve organizar momentos para que as crianças acompanhem o canto
utilizando instrumentos, batendo palmas ou coreografando gestos, sem exigir o
ritmo exato. Desde cedo, os pequenos são capazes de reconhecer suas canções
favoritas pelo movimento corporal. Jogos musicais, canções, parlendas e
trava-línguas são boas atividades cotidianas.
Orientações para este eixo
BERÇÁRIO Valorize os momentos de percepção e de reação aos sons
ambientes, o reconhecimento de vozes familiares e de músicas favoritas pelo
movimento corporal, a produção de sons ao bater, sacudir ou chacoalhar objetos,
assim como a utilização do corpo e da própria voz.
MINIGRUPO Proponha desafios de canto - individuais ou em grupo -; jogos
e brincadeiras musicais. Relacione a música com a expressão corporal e a dança
e ensine às crianças como identificar silêncios, pausas, sons da natureza, da
cultura e passagens sonoras. Estimule-os, também, a escolher suas canções
favoritas.