domingo, 20 de março de 2011

Texto: A Fada sempre viva (sylvia Orthof

A fada Sempre-viva

        Eu conheço uma fada chamada Sempre-Viva.
        Ela é uma senhora fada, tipo vovó ou bisavó.
        Fada Sempre-Viva usa um leque, em vez de varinha de condão.
        Seu chapéu é de pérolas, com um veuzinho feito de teia de aranha francesa.
        Fada Sempre-Viva mora numa casa que também é fada: é uma casa-fada com janelas encontradas.
        As janelas abrem-se sobre paisagens que imaginamos.
        A janela daqui mostra um lugar cheio de borboletas.
        A janela dali mostra um céu estrelado, com lua, dragão e astronauta.
        A janela do meio mostra o pensamento. E como o pensamento é coisa de repente, a janela abre para o branco.
        Quem olhar por ela pensa o que quer.
        Fada Sempre-Viva faz tudo o que qualquer fada faz:
        transforma sapos em príncipes,
        abóboras em carruagens,
        ratinhos em sanduíches de cachorro-quente
        e cachorro-quente em cachorro-frio resfriado.
        Mas o que a fada Sempre-Viva faz melhor de tudo é bater claras de neve. Ela é especialista, formada pela Escola de Claras em Neve do país das Nevadas Claras.
        E fada Sempre-Viva, quando bate claras em neve, deixa de lado o seu leque, coloca um avental feito de retalhos de escamas de rabo de sereia e babadinhos... e vai para a cozinha.
        A cozinha da fada Sempre-Viva é linda:
        com fogão de flores,
        geladeira de morangos,
        pia de peixinhos,
        ladrilhos de pedras preciosas.
       
            
                 Sylvia Orthof, A fada Sempre-Viva e a galinha-fada. São Paulo,    
                                        Ed.   FTD, 1986

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