quinta-feira, 31 de maio de 2018

Matéria sobre a saudosa Cachoeira dos Antunes- Jornal Gazeta


      CACHOEIRA DOS ANTUNES:

               30 ANOS APÓS A DESAPROPRIAÇÃO.

 Matéria publicada no link abaixo:

         CACHOEIRA DOS ANTUNES:

               30 ANOS APÓS A DESAPROPRIAÇÃO.


      O Distrito de Cachoeira dos Antunes recebeu esse nome devido a linda cachoeira, que era uma atração local, e a família Antunes que ali habitavam. Com menos de mil habitantes, apenas uma rua principal, uma venda, uma mercearia e um bar, todos moradores eram conhecidos, amistosos e que tinham prazer em trocar gentilezas, receber visitas e oferecer cafezinhos com quitandas feita no forno a lenha. A igreja ao final da longa escadaria era um local de encontros, bênçãos e muitas festividades. Contava sempre com a tradicional banda de música abrilhantando os eventos. As escadarias da igreja servia também de bancos para bate papo dos amigos e casais de namorados. A atração turística era cachoeira com uma linda queda d’agua, onde jovens de várias cidades e localidades iam para acampar aos finais de semana.
      No ano de 1988, com o objetivo de atender a demanda e ofertar água em abundância para a população de Belo horizonte, a Copasa, desapropriou a população de Cachoeira dos Antunes e todo o seu entorno. Em nome do “progresso” as famílias foram “desapropriadas” forçadas a deixar suas terras, para que no local fosse construída a atual barragem/Sistema de Captação de Água Rio Manso, obra idealizada pelo Governador Newton Cardoso. Do ponto de vista teórico, desapropriação é o procedimento através do qual o Poder Público compulsoriamente despoja alguém de uma propriedade e a adquire, mediante indenização. Foi o que aconteceu naquela época, com os moradores que eram amigos, parentes, trocavam gentilezas e confiavam uns nos outros e viviam utilizando mercadorias produzidas em suas terras como moeda de troca, fatos que acontecem no interior, uma família produz fubá e troca por arroz produzido em outra propriedade. A “palavra” valia muito e tinha valor diante desse modo de vida simples.
     No decorrer das negociações apareceram os oportunistas, sabe-se que, onde tem dinheiro envolvido tem as pessoas querendo se dar bem, ter lucro imediato a custas do sofrimento alheio.  O povo já sofrido em ter que deixar suas propriedades, tiveram que distinguir o bem e o mal, perceber que palavra de charlatões e enganadores não valem nada. Vieram os contratos com advogados negociações e corretores fingindo ser amigos. Para receber as indenizações os advogados recebiam, geralmente, 10% do valor total. Corretores oferecendo casas e terrenos visando lucros altos e por fim, teve o plano Collor, que confiscou o dinheiro que o povo havia deixado aplicado na poupança. Houve conterrâneos mais conservadores que vieram a falecer de tristeza e angústia. Enfim, teve muita dor sofrimento, decepções e perdas de vários lados.
     As famílias que residiam Cachoeira dos Antunes em propriedades vizinhas se mudaram para diversos lugares: Rio Manso, Brumadinho, Igarapé, Souza, Bernardas, São Joaquim de Bicas, Carmópolis, Itatiaiuçú, Itaúna, dentre outras. Após a mudança, todas as famílias, começaram uma nova vida, com novas adaptações e muitas saudades de um local que não existe mais para ser visitado.
     Mediante a saudade, foi criado um grupo no facebook para resgatar e manter vivas as memórias de um povo. O grupo “Cachoeira dos Antunes/ Resgatando Memórias” conta com mais de mil membros e todos colaboram com fotos e relatos sobre o passado. Nesse reencontro online, todos saudosamente relatam sobre suas novas vidas, saudades, perdas e almejam um reencontro de ex moradores mas que ainda não foi possível concretizar.
Muito triste pensar que em nome do “progresso” toda uma comunidade foi inundada!
               “Um povo sem memória é um povo sem história”.


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Um pouco mais de história.....


Cachoeira dos Antunes,Rio Manso/MG





               “Um povo sem memória é um povo sem história”.
#professoraivaniferreira





























































 Informações sobre Cachoeira dos Antunes

Em meados de 1988, a população de Cachoeira dos Antunes (município de Rio manso) e todo o seu entorno, foram desapropriados, para que no local fosse construída a barragem/Sistema de Captação de Água Rio Manso, obra idealizada pelo Governador Newton Cardoso.

     As famílias que residiam Cachoeira dos Antunes em propriedades vizinhas se mudaram para diversos lugares: Rio Manso, Brumadinho, Igarapé, Souza, Bernardas, São Joaquim de Bicas, Carmópolis, Itatiauçú, Itaúna.... etc.

     O Sistema de captação de Água/Rio Manso foi inaugurado em 1991 e hoje é o maior da COPASA  possuindo outorga para captar 10,5 m3/s no lago.

     Após a mudança, todas as famílias, começaram uma nova vida, com novas adaptações e muitas saudades de um local que não existe mais para ser visitado.

Principais contribuintes da barragem/Rio Manso


Rios Manso e Veloso e os córregos Souza, Provisório, Grande, Lamas, do Cruzeiro, das Pedras, Taboca, da Pinguela, Areias e Quéias.

Matéria - Jornal das Gerais!
                                                               

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