sábado, 9 de maio de 2015

Artigo Jogos e Brincadeiras


A CONTRIBUIÇÃO DOS JOGOS E BRINCADEIRAS PARA A APRENDIZAGEM DA CRIANÇA

RESUMO

A pesquisa pretende identificar a contribuição dos jogos no processo de aprendizagem e na formação da criança, definindo um conceito de jogos, considerando a análise da evolução histórico-conceitual vivida pelos jogos, a fim de compreender a relação dos jogos e a educação. É importante considerar que o jogo teve funções diferentes ao longo da história, foi caracterizado como futilidade, pecado, relaxamento, até assumir a postura séria que é atribuída a eles atualmente. O jogo na educação sofreu adaptações interessantes, sendo utilizada como preparação para atividades sérias, atividade de relaxamento, até que se chegou à visão atual de valiosa ferramenta de ensino. Partimos do pressuposto de que são inúmeras as contribuições dos jogos para a criança, e que, estão diretamente relacionadas com a motricidade, aquisição de conceitos matemáticos, valorização e aceitação do erro numa perspectiva construtiva, favorecimento da socialização e apoio a formação moral da criança. A pesquisa realizada foi à bibliográfica, analisando vários autores que versam sobre o tema, buscando a contribuição de estudiosos sobre o tema, para que assim, fosse possível analisar as contribuições dos jogos para a aprendizagem e formação da criança.


Palavras-chave: Jogos, Educação, Aprendizagem.

SUMÁRIO


1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................................
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CAPÍTULO 1: O CONTEXTO HISTÓRICO DOS JOGOS NA EDUCAÇÃO .....................
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1.1 O JOGO NA EDUCAÇÃO ..................................................................................
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CAPÍTULO 2: A IMPORTÂNCIA DAS BRINCADEIRAS PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL ......................................................................................
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CAPÍTULO 3: A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS PARA A APRENDIZAGEM DA CRIANÇA .............................................................................................................................
21
CAPÍTULO 4: REPENSANDO O LÚDICO E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA APRENDIZAGEM EDUCAÇÃO INFANTIL ........................................................................
30
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................
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REFERÊNCIAS ..................................................................................................................
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1 INTRODUÇÃO



A escola, sendo essencialmente participante do processo de constituição do homem e tendo, enquanto instituição, ainda, uma função social a desempenhar na organização da sociedade, torna-se um espaço possível e privilegiado onde o lúdico é concretizado.

A experiência de jogos e brincadeiras na escola pode ser uma experiência fundamental ao indivíduo, já que lhe possibilita maior intimidade com o conhecimento, construção de respostas, interpretação e assimilação do mundo por meio de um trabalho lúdico.

O estudo do jogo estabelece uma evolução conceitual, que parte da futilidade e evolui até permear os campos educacionais, buscando sempre uma finalidade educativa.

Como situação problema, apresenta-se o seguinte questionamento: qual a contribuição dos jogos e das brincadeiras para o processo de aprendizagem e para a formação da criança? Apresenta-se como hipótese que os jogos e brincadeiras favorecem o domínio do raciocínio lógico-matemático, desenvolve o respeito às regras e podem ser uma importante ferramenta lúdica para a aprendizagem.

A escolha do tema deu-se pela inquietação em conhecer as contribuições dos jogos para a educação e verificar o processo histórico percorrido, partindo da sua concepção original até chegar-se ao jogo educativo de hoje, para que assim se pudesse formar uma concepção sobre a sua aplicabilidade em sala de aula.

O presente trabalho tem por objetivo compreender as contribuições que os jogos trazem ao processo de aprendizagem e para a formação das crianças, como possibilidade de tornar o aluno mais crítico, confiante, expressando o que pensa, elaborando perguntas e tirando suas próprias conclusões, favorecendo assim seu desenvolvimento motor e cognitivo. Pretende-se alcançar os objetivos ressaltados através da compreensão do conceito de jogos, da relação histórica do jogo com a educação e da verificação das contribuições dos jogos ao processo de aprendizagem das crianças.

Apresenta-se como hipótese que os jogos e as brincadeiras contribuem em diversos aspectos da aprendizagem: na aquisição de conceitos matemáticos; na aceitação e mudança de perspectiva sobre o erro; na socialização e formação moral da criança; além de estar ligadas a comunicação e expressão infantil.

A pesquisa torna-se relevante por se tratar de um estudo que se volta para a análise crítica e histórica do jogo, tentando dar sentido as atuais propostas de sua utilização. Ressalta-se aqui que a análise dos entraves sofridos pelos jogos, desde a sua concepção, permite avaliar melhor o conceito atual e o impacto do jogo na sua utilização como recurso pedagógico.





CAPÍTULO 1:  O CONTEXTO HISTÓRICO DOS JOGOS NA EDUCAÇÃO


Antes de explorarmos a importância dos jogos para a educação, faz-se necessário uma análise da evolução do conceito de jogo ao longo da história. Assim, através dessa análise, compreenderemos a articulação existente entre os jogos e suas finalidades educativas.

Brougére (1998) destaca que manuscritos milenares falam de jogos praticados em todas as regiões do planeta. Dificilmente se poderá delinear exatamente qual foi o primeiro jogo surgido no mundo. O mesmo autor ainda ressalta que,  que “o jogo é uma coisa de que todos falam que todos consideram como evidente e que ninguém consegue definir”. Desta forma quis dizer que não existe uma definição conceitual de jogo que atenda a sua real aplicabilidade. Entre os educadores, o discurso atual ressalta a importância dos jogos para a aprendizagem dos alunos. O discurso é bastante comum, porém, pouco se percebe de uma definição clara do “que é o jogo?”. E essa dificuldade em conceituá-lo está ligada a visão de que o mesmo assume ao longo da história. Nem sempre o jogo foi visto como algo útil para a aprendizagem. Podemos destacar que em algumas épocas o jogo era relacionado com atividades ilícitas e com dinheiro, e, para se chegar às finalidades pedagógicas atuais, viveu uma construção complexa.

São Tomás de Aquino recusa aqueles que se entregam ao jogo por diversão (BROUGÉRE, 1998).  Dessa forma a visão de jogo está longe de ser valorizado, São Tomás de Aquino atribuiu ao trabalho o espaço de relaxamento necessário., nesse contexto,  o jogo é visto como uma forma de relaxar, de forma que, o trabalho é útil e importante, e o jogo mera distração e, ainda, condenada por pensadores da época.

Kant e Schiller citados por Brougére (1998) associam o jogo à arte, e ambas, tanto o jogo quanto a arte, são vistas como oposição da utilidade ao trabalho. Podemos perceber que nesse contexto o jogo não era analisado como uma ferramenta importante para o desenvolvimento humano.

Oliveira (2000) apresenta a visão de jogo em determinados contextos históricos, entre os romanos, por exemplo, os jogos eram destinados ao preparo físico com a finalidade de formar soldados e cidadãos obedientes e devotos. Os jogos na Grécia estavam relacionados à luta e à guerra, eram vistos como exercícios de guerra. Já os jogos astecas tinham como base o espetáculo, o objetivo era se mostrar ao público através dos jogos. Na Idade Média, o jogo como atividade lúdica passa a manter uma relação com a religião. O jogo tem seu espaço nos rituais carnavalescos (calendário cristão) ainda relacionado ao fingimento.

Podemos analisar então que o jogo percorre uma linha de evolução que parte da recusa, onde os jogos eram considerados ilícitos; evolui para uma possível consideração de aspectos intelectuais associados aos jogos; alcança uma articulação com a arte (com uma oposição clara ao trabalho, ou seja, ainda articulado a mera diversão) e chega ao enfoque de “um meio de estudo de percepção de comportamento”.

Atualmente o jogo determina um espaço social e cultural onde passa a existir com legitimidade, e não com base no fingimento, passando a ser um instrumento para a educação da criança. (BROUGÉRE, 1998).  Rompendo essa barreira entre atividade ilícita e indo até a compreensão de que os jogos possuíam ferramentas de trabalho que favorecem o desenvolvimento humano, é que  o jogo começa a travar um paralelo com a educação.

De acordo com Antunes (2000)

O jogo visto até então como uma forma de relaxamento, começa a ser articulado com a educação, como momento de relaxamento dos alunos. O interesse da criança pelo jogo passa a ser utilizado pelo professor para uma boa causa. O primeiro vínculo entre educação e o jogo se dá pelo “relaxamento” (ANTUNES, 2000, P. 115).


Por muito tempo o jogo passa a ser limitado à recreação. É importante considerar que a recreação, seja qual for sua necessidade, diz respeito à futilidade. Ou seja, o jogo ainda neste contexto não representa uma atividade respeitada e aceita como ferramenta de ensino.

A partir dessa compreensão, o jogo passa a ser utilizado na educação, embora inicialmente tenha assumido apenas a função de distrair as crianças, ou seja, ele ainda não era aceito com um valor pedagógico, mas como uma maneira de atrair as crianças para a aprendizagem de conteúdos desagradáveis.

Monteiro (2000) vê o jogo como uma possibilidade de testar e observar as crianças. Para ele, o jogo revela a natureza psicológica real, pois as crianças mostram suas inclinações reais enquanto jogam.

É importante considerar que a visão do jogo evolui paralela ao conceito de criança, que também sofreu modificações conceituais interessantes. Vale lembrar que a criança era considerada uma miniatura do adulto, e não como um ser social que evolui e que é capaz de aprender e se relacionar com o mundo.  “A infância era depreciada assim que se começa a pensá-la do ponto de vista da razão, e admirada do ponto de vista da imaginação e da sensibilidade.” (COUTINHO, 2002, P. 52)

Com o tempo, a criança deixa de ser depreciada, e vai assumindo novo conceito, porém bastante associada à passividade e a fraqueza. E nesse contexto o jogo passa a ser considerado um modelo para a criança.

1.1 O JOGO NA EDUCAÇÃO


Antes de analisarmos a importância dos jogos para a criança, vale considerar que o direito de brincar é garantido pelas legislações pertinentes. A Constituição Federal de 1988, no seu artigo 208, reconhece e destaca que a educação é um direito de todos e coloca que a educação infantil é um dever do Estado e considera ainda, a criança como uma prioridade nacional. E no seu artigo 227, esclarece que a criança tem direito a educação, à saúde, a alimentação e ao lazer, como formas de formação integral.

Kishimoto (2002) indica que através da brincadeira as crianças lidam de forma lúdica, com as dificuldades psicológicas, como, o sofrimento, o medo, a perda, o ciúme, etc. De acordo com o autor as crianças escolhem brincadeiras ligadas à sua realidade, escolhe temas que estão ligados a sua vivência. Por isso, torna-se um importante indicador sobre a identidade da criança.

No Referencial Curricular para a Educação Infantil (BRASIL, 1998), o direito de brincar é garantido como um de seus princípios considerados


O direito das crianças a brincar, como forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil. O acesso das crianças aos bens socioculturais disponíveis, ampliando o desenvolvimento das capacidades relativas à expressão, à comunicação, à interação social, ao pensamento, à ética e à estética. A socialização das crianças por meio de sua participação e inserção nas mais diversificadas práticas sociais, sem discriminação de espécie alguma. (BRASIL, 1998, p. 52)


Em suma, atualmente pela legislação vigente temos assegurado no Brasil o Brincar como direito da criança e dever da família e da escola.

Tratar do conceito de jogo, não se limita em simplesmente buscar uma definição do que é o jogo. Pois, essa definição, somente é possível através da compreensão e análise da época em que o jogo está inserido. Sendo assim, o conceito de jogo ocorre através de uma articulação com a história. Pois a realidade social influência o conceito de jogo que se dá conforme o pensamento da época.

Os jogos constituíram-se sempre uma forma de atividade do ser humano, tanto no sentido de recrear quanto de educar ao mesmo tempo. A relação entre o jogo e a educação são antigas, Gregos e Romanos já falavam da importância do jogo para educar a criança. Portanto, a partir do século XVIII, quando se expande a imagem da criança como ser distinto do adulto, o brincar destaca-se como típico da idade.

Como é possível perceber, o jogo passou por inúmeras concepções até ser articulada a educação. E mesmo, quando reconhecido suas vantagens para a educação, o jogo ainda buscava se firmar dentro das práticas educativas. Vale ressaltar que, ainda se questiona atualmente como e quando se deve utilizar os jogos no processo de ensino.

A concepção de Kishimoto (1999) sobre o homem como ser simbólico, que se constrói coletivamente e cuja capacidade de pensar está ligada à capacidade de sonhar, imaginar e jogar com a realidade é fundamental para propor uma nova "pedagogia da criança" e vê o jogar como o que nos torna realmente humanos.

“As divergências em torno do jogo educativo estão relacionadas à presença comitente de duas funções. Função lúdica o jogo propicia diversão, o prazer e até o desprazer quando escolhido involuntariamente, e Função educativa o jogo ensina qualquer coisa que complete o individuo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo” (KISHIMOTO, 1999 p. 19).

Assim, o jogo é uma maneira do indivíduo relacionar e compreender o mundo que o cerca. Através das representações que esse indivíduo utiliza   enquanto assume o papel de “jogador”.

Nesse contexto Freire (2003) vê no jogo uma possibilidade de tomada de consciência pelos alunos, uma forma de aceitação entre os “jogadores”.

“Educar não se limita a repassar informações ou mostrar apenas um caminho, aquele caminho que o professor considera o mais correto, mas é ajudar a pessoa a tomar consciência de si mesma, dos outros e da sociedade. É aceitar-se como pessoa e saber aceitar os outros. É oferecer várias ferramentas para que a pessoa possa escolher entre muitos caminhos, aquele que for compatível com seus valores, sua visão de mundo e com as circunstâncias adversas que cada um irá encontrar. Educar é preparar para a vida”. (KAMI, 1991, 125).

Pode-se compreender que a visão apresentada por Kami (1991) relacioan com a capacidade de escolher estratégias, de agir de maneira individual diante das situações que vivencia através do jogo.

Piaget (1971) acredita que o jogo é essencial na vida da criança.  De início tem-se o jogo de exercício que é aquele em que a criança repete uma determinada situação por puro prazer, por ter apreciado seus efeitos. Em torno dos 2-3  e 5-6 anos nota-se a ocorrência dos jogos simbólicos, que satisfazem a necessidade da criança de não somente relembrar o mentalmente o acontecido, mas de executar a representação.

Piaget (1971) classifica o jogo infantil em quatro tipos:

·         De exercício: se caracteriza pela repetição de uma ação pelo prazer que ela proporciona é uma das primeiras atividades lúdicas do bebê. É o que acontece quando ele joga objetos no chão ou balança um chocalho com frequência.

·         Simbólico: envolve o faz de conta, a representação que ocorre quando os alunos brincam de pirata, de escolinha, de casinha, de boneca, de super-herói. Também acontece quando as crianças manipulam objetos atribuindo a eles significados diferentes do habitual, como tratar um cabo de vassoura como um cavalo.

·         Das regras: é que exige que os participantes cumpram e passem a considerar outros fatores que influenciam no resultado, como atenção, concentração, raciocínio e sorte.

·         De construção: nele, atividade principal é construir e usar diversos objetos para criar um novo. Pode ser uma cidade com blocos de madeira ou um aviãozinho de sucata.

Monteiro (2000) ressalta a importância de se oferecer as crianças a maior quantidade possível de brinquedos de montar que se possam transformar em inúmeras coisas, pois este tipo de material, possibilita que a criança brinque sozinha e utilize sua imaginação com mais eficácia. A autora lembra ainda que os brinquedos com funções muito limitadas, além de pouco apelativos, despertam o interesse das crianças durante muito menos tempo.

Através do jogo simbólico a criança tem a liberdade de criar e de agir conforme sua interpretação da realidade. Assume papéis variados, atribuem explicações de acordo com seu entendimento do mundo.

Vygotsky (1989), diferentemente de Piaget, considera que o desenvolvimento ocorre ao longo da vida e que as funções psicológicas superiores são construídas ao longo dela. Ele não estabelece fases para explicar o desenvolvimento como Piaget e para ele o sujeito não é ativo nem passivo: é interativo. Segundo ele, a criança usa as interações sociais como formas privilegiadas de acesso a informações: aprendem à regra do jogo, por exemplo, através dos outros e não como o resultado de um engajamento individual na solução de problemas.  Desta maneira, aprende a regular seu comportamento pelas reações, quer elas pareçam agradáveis ou não. Assim, o jogo assume um importante papel de possibilidade de interação do indivíduo com seu meio, e isso ocorre através da educação.














CAPÍTULO 2: A IMPORTÂNCIA DAS BRINCADEIRAS PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL

É importante considerar que o brincar ocupa papel especial do direito de brincar estabelecido na Convenção dos Direitos da Criança  no seu art.31, na Constituição Federal do Brasil de 1988 no seu art.227 e no Estatuto da Criança e do Adolescente no seu art.16, IV. Dessa forma, podemos afirmar que o brincar é considerado um direito fundamental de liberdadee que a escola deve garantir e promover o direito de brincar como forma de garantir o direito á infância.

O brincar é a maneira pela qual a criança sente, expressa e experimenta o mundo, além de favorecer a formação de definição da personalidade e da identidade infantil. Assim, o brincar deve ocupar nas instituições de Educação infantil como linguagem da criança necessária para que ela se desenvolva social, fisicamente e cognitivamente. Portanto, o brincar deve ser contemplado como um dos eixos norteadores do trabalho pedagógico na Educação infantil. (Vygotsky (1989)

As instituições de educação infantil devem se tornar acessível a todas as crianças que a freqüentam, oferecendo elementos que enriquecem o seu desenvolvimento e sua interação social. Para isso, é preciso que a mesma considere três importantes aspectos: cuidar, educar e o brincar como pilares para o bom desenvolvimento infantil. Analisaremos a seguir a definição de cada aspecto anteriormente citado e discutiremos sua relação com o desenvolviemtno integral da criança da Educação Infantil.

De acordo com RCNEI (1998) o cuidar é uma esfera importante na instituição da educação infantil, e considera-se parte integrante da educação. Nesse sentido o cuidar demanda integração de vários campos do conhecimento e a cooperação de vários profissionais.

A base do cuidado humano é compreender como ajudar o outro a se desenvolver como ser humano. Cuidar significa valorizar e ajudar a desenvolver capacidades. O cuidado é um ato em relação ao outro e a si próprio que possui uma dimensão expressiva e implica em procedimentos específicos. (BRASIL, 1998, p. 24)





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Na educação infantil, o cuidar historicamente, teve um enfoque assistencialista, onde as crianças buscavam a escola para passarem o dia enquanto que seus pais trabalhavam. Neste enfoque o significado de cuidar era primordial, pois as crianças estavam ali para serem cuidadas, no sentido assistencialista mesmo. Essa visão começou a ser modificada na década de 1990, quando as creches e pré-escolas foram incorporadas ao sistema de ensino, numa tentativa de romper com a visão de que a creche significa cuidar, e a pré-escola, educar. (BRASIL, 1998)

Mas, com a evolução vivida pela Educação Infantil, a concepção de criança e sua forma de atendimento também vêm sofrendo mudanças significativas. A criança deixou de ser vista como um adulto em miniatura para uma de criança como ser histórico e social. E da mesma forma, as instituições de atendimento, deixaram de serem vistas como depósito de crianças, para serem consideradas como uma instituição educativa, onde a criança passou a ser atendida por um profissional da área do qual se exige formação adequada para lidar com as crianças. (KRAMER, 2005)

A Lei de Diretrizes e Bases Nacionais da Educação – nº 9.394/1996 Brasil (1998) ressalta que o cuidar e o educar são funções dos professores que atendem as crianças de 0 a 5 anos de idade. Dessa forma, as instituições que atendem crianças nesta faixa etária deverão desenvolver um trabalho pedagógico de acordo com as necessidades da educação infantil. É nesse sentido que o cuidar e o educar necessita ser compreendidos como ações interligadas, que fazem parte de um único processo, considerado como aprendizagem e desenvolvimento integral.

Sobre isso, Kramer (2005), estudiosa da educação infantil, afirma:

Quando digo que estou cuidando de uma criança, posso me referir às ações que envolvem proteção física e a sua saúde. Posso fazer, também, referência a atividades que complementam as que a família lhe oferece cotidianamente, como dar-lhe comida, dar-lhe banho, colocá-la para dormir. Mas posso, ainda, falar de cuidados individuais que lhe dedico como atenção à sua fala, aos seus desejos, consolo, colo, aconchego. (KRAMER, 2005, p. 28)


Nessa perspectiva, o cuidar significa estar atento às crianças, ou seja, considerando a individualidade de cada uma no que se refere às dimensões físicas, intelectuais, psíquicas, emocionais e outras. E educar é possibilitar às crianças formas variadas de se relacionar, de cuidar de si mesmas, de conhecer e interagir com o mundo. (BRASIL, 1998)





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Educar de acordo com o RCNEI significa,

Propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. (...) a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimentos das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis.  (BRASIL, 1998, p.23)

Cuidar nesse sentido está ligado à dimensão afetiva e relacional, não apenas ao aspecto assistencialista.  Faz-se necessário que o professor ajude a criança a identificar suas necessidades e possa atendê-las de forma adequada.

Assim, cuidar da criança é, sobretudo dar atenção a ela como pessoa que está num contínuo crescimento e desenvolvimento, compreendendo sua singularidade, identificando e respondendo às suas necessidades.  Isto inclui interessar-se sobre o qual o que a criança sente, pensa, o que ela sabe sobre si e sobre o mundo, visando à ampliação deste conhecimento de suas habilidades, que aos poucos a tornarão mais independentes e mais autônoma. (BRASIL, 1998, p.25)

O brincar é um aspecto considerado imprescindível para a relação da criança com o mundo. Ressaltando que nessa situação é  que a criança interage espontaneamente com o mundo adulto. Para brincar a criança precisa se apropriar de elementos importantes da realidade de forma que atribua a ela seus significados. Ou seja, toda brincadeira é uma imitação adaptada pela criança da realidade. (BRASIL, 1998).

A ação pedagógica deve atender as necessidades das crianças, e por isso deve ser criativa, flexível, de forma que atenda ao individual e ao coletivo. Por isso, é importante considerar que o espaço de salas esteja preparado para promover interações do sujeito com o mundo físico e social, de forma a dar oportunidade às vivências e situações de tomadas de decisões> promovendo assim, autonomia e cooperação, tão importantes para a formação de um novo cidadão. (OSTETTO, 2000).

Aspectos importantes e que compõem à educação infantil, como por exemplo, saúde, afeto, segurança, interação, alimentação, estimulação, brincadeira, devem compor o ato de cuidar/educar de forma dinâmica e paralela. Para todos esses aspectos é possível estabelecer relações entre cuidar e educar, desde que a ação pedagógica bem fundamentada, de forma que o cuidar/educar esteja presente na realidade dos espaços de educação infantil.



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 (OSTETTO, 2000).

Todas as estratégias educativas devem buscar levar o indivíduo ao progresso, ao pleno desenvolvimento de suas capacidades através do diálogo.
Por isso, a educação infantil é um dos espaços de desenvolvimento da criança. Pois, além de prestar cuidados físicos, ela cria condições para o desenvolvimento cognitivo, simbólico, social e emocional da criança. O importante é que na educação infantil seja dado o cuidado e a educação de crianças que vivem, convivem, e necessitam para se desenvolver de forma integral e saudável.

Com base nas definições acima, percebemos a relação entre brincar, cuidar e educar, como aspectos intrínsecos na concepção de educação. Ou seja, a criança para ser formada integralmente necessita que o cuidar, educar e o brincar caminhem juntos.  De acordo com Demo & Morin (2002) a criança requer um atendimento global em todos os momentos e em todas as situações do seu dia-a-dia, sendo assim o cuidar e educar deverão se estabelecer de maneira indissociável, possibilitando a construção da totalidade, da identidade e da autonomia da criança.

Nesse sentido, cuidar e educar implica reconhecer que o desenvolvimento da criança, bem como a construção dos seus conhecimentos, não ocorre em momentos separados. A criança é um ser completo, tendo sua interação social e construção como ser humano permanentemente estabelecido em tempo integral. Assim, cuidar, brincar e educar significa compreender que o momento em que a criança vive exige a mediação dos adultos como forma de proporcionar ambientes que estimulem a curiosidade com consciência e responsabilidade.

Em suma, o principal aspecto a ser considerado nos aspectos de cuidar/educar/educar, é que o professor não trabalhe somente com o intelectual da criança, não são máquinas sem sentimentos. Em todo momento é preciso sentir e proporcionar às crianças momentos que lhes façam crescer, refletir e tomar decisões direcionadas ao aprendizado com coerência e justiça, o que não é tarefa fácil.





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Após compreendermos a definição e relação do cuidar/educar e brincar e a importância da brincadeira para o desenvolvimento infantil; trataremos da necessidade do brincar para a criança.

Segundo Fantin (2000), é através da brincadeira que a criança se expressa e demonstra sua visão sobre o que pensa do mundo, ou seja, quando se brinca, pode-se criar uma situação imaginária a partir das suas vivências e de suas trocas com a realidade.

Kishimoto (2002) indica que através da brincadeira as crianças lidam de forma lúdica, com as dificuldades psicológicas, como, o sofrimento, o medo, a perda, o ciúmes, etc. de acordo com o autor as crianças escolhem brincadeiras ligadas a sua realidade, escolhem temas que estão ligados a sua vivencia . Por isso, torna-se um importante indicador sobre a identidade da criança.

Japiassu (1999, p.11) coloca que a criança exterioriza sua  interpretação que tem sobre o mundo. E em certas brincadeiras como a de popular “brincadeira de casinha” a criança torna-se capaz de assumir uma postura em diferentes papéis ou personagens, o que nos proporciona uma análise da sua visão enquanto “mãe e filha” ou seja, a visão que ela tem da sua postura e da postura do adulto.

Vygotsky (1994) ainda ressalta que,

A criança imagina-se como mãe e a boneca como criança e, dessa forma, deve obedecer às regras do comportamento maternal. (...) Sempre que há uma situação imaginária no brinquedo [faz-de-conta], há regras - não as regras previamente formuladas e que mudam durante o jogo, mas aquelas que têm sua origem na própria situação imaginária. Portanto, a noção de que uma criança pode se comportar em uma situação imaginária sem regras [assimilação deformante] é simplesmente incorreta.

          

Com isso, podemos perceber que mesmo quando a brincadeira parece ser caracterizada pela imaginação, ainda, possui vínculo com o real. Pois, através de ações lúdicas, a criança demonstra suas vivências cotidianas. Isso quer dizer que, através do brincar à criança deixa o mundo real e assume um mundo imaginário.

De acordo com Fantim (2000) a criança ao brincar pode resolver problemas do presente, do passado, além de formar conceitos que lhe ajudará a lidar com situações futuras. O brincar possibilita a socialização, a interação, e a partir daí faz com que a criança se aproprie do contexto cultural.

Para Coutinho (2002, p. 12):

A imaginação infantil é capaz de transformar, de recriar, de resinificar a partir do que há no real. A cultura e a sociedade disponibilizam conhecimentos que impreterivelmente chegam até a criança, no entanto o seu jeito de olhar e resinificar as informações permite que ela vá além, que ela crie.


Morim (2002, p. 69) sintetiza que a capacidade de imaginar que a criança constrói na brincadeira envolve uma mistura de realidade e fantasia, em que o cotidiano toma outra aparência, adquirindo um novo significado.

O lúdico é uma oportunidade criativa para a criança encontrar-se e, conhecer o outro e o mundo. É convivendo com o lúdico que ela constrói uma imagem de respeito próprio (...) lida com emoções, revive as experiências na relação com o mundo exterior e consigo própria. Enquanto brinca, ela amplia a sua capacidade corporal (...) aprende a explorar este espaço.


Quando falamos do brincar como necessidade vital da criança, faz-se necessário analisar a brincadeira sobre alguns aspectos que interferem na relação da criança com o mundo. Geralmente quando pensamos no brincar, focamos muito a relação entre as crianças. Mas, faz-se necessário considerar o “brincar sozinha” como de fundamental importância para a evolução da criança.

Embora o tempo que passa a brincar com a criança seja fundamental para o seu desenvolvimento, é importante desenvolver na criança a sua capacidade de brincar sozinho, pois ajuda a desenvolver a autossuficiência e a confiança, competências importantes na vida adulta.

Haeussler & Rodriguéz (2005) depois dos três anos é importante não só permitir que a criança brinque com outras crianças, mas que seja estimulada a brincar sozinha. Pois através dessas atividades a criança será capaz de realizar atividades por si mesmas, ficar contente longe dos adultos e de buscar soluções para as situações em que se envolva.

É importante esclarecer que "brincar sozinho" não significa deixar a criança no chão e sair do quarto. Mesmo brincando “sozinha” ela deve ser monitora, fornecendo-lhe alguns brinquedos e iniciando às atividades lúdicas, até que a criança consiga criar e recriar suas brincadeiras de forma autônoma.

À medida que a criança vai crescendo e interagindo cada vez mais com os brinquedos, ficará cada dia mais independente Isto de acordo com Haeussler & Rodriguéz (2005) não só constitui uma vantagem no seu desenvolvimento, mas como também é útil para a criança se ver como um sujeito individual, que consegue interagir com o mundo em momentos de autonomia particular.

Monteiro (2000) ressalta a importancia de se oferecer as crianças a maior quantidade possível de brinquedos de montar que se possam transformar em inúmeras coisas, pois este tipo de material possibilita que a criança brinque sozinha e utilize sua imaginação com, mais eficácia. A autora lembra ainda que os brinquedos com funções muito limitadas, além de pouco apelativos, despertam o interesse das crianças durante muito menos tempo.

Brincar sozinho, com amigos, com irmãos, com bolas ou barbies. Não e preciso gastar muito dinheiro nem puxar demasiado pela imaginação para garantir aos seus filhos horas de divertimento puro. E não se esqueça de que, ao brincar, eles também estão a aprender. (MONTEIRO, 2000)

Angelotti (2009) ressalta que “os tipos de brincadeira e a forma de brincar se modificam de acordo com a etapa de desenvolvimento que a criança apresenta.” E que de maneira simbólica o “brinquedo torna-se um meio de expressão.” Dessa forma, o brincar torna-se tão importante para o desenvolvimento da criança. Em suma, brincar é preciso.












CAPÍTULO 3- A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS PARA A APRENDIZAGEM DA CRIANÇA

Nos capítulos anteriores foi possível compreender a evolução da concepção do jogo, que partiu da visão de “futilidade” até assumir um lugar de destaque, inclusive na educação. Entendemos que esse processo foi lento e gradual, e que caminhou paralelo ao conceito de infância. Hoje percebemos que os jogos permeiam as atividades pedagógicas de praticamente todas as modalidades de ensino.

Os jogos favorecem o domínio das habilidades de comunicação, nas suas várias formas, facilitando a autoexpressão. Encorajam o desenvolvimento intelectual por meio do exercício da atenção, e também pelo uso progressivo de processos mentais mais complexos, como comparação e discriminação; e pelo estimulo à imaginação. Todas as vontades e desejos das crianças são possíveis de serem realizados através do uso da imaginação, que a criança faz através do jogo. (SANTANA, 2006)

Conforme Kishimoto (1999), especialmente no campo da educação infantil, psicólogos e pedagogos tem dado grande atenção ao papel do jogo na constituição das representações mentais e seus efeitos no desenvolvimento da criança, especialmente na faixa etária de 0 a 6 anos de idade.

O autor ainda afirma que, enquanto brinca, o ser humano vai garantindo a integração social além de exercitar seu equilíbrio emocional e atividade intelectual. É na brincadeira também que se intensificam as parcerias, porém o aprendizado não deve estar presente só na escola, mas também como parte do dia-a-dia da criança. Na medida em que a criança progride em seu desenvolvimento e amadurecimento é necessário que ela manifeste o que é próprio da cada etapa de sua vida.

Com o uso dos jogos a escola passa a não possuir apenas o objetivo de proporcionar aos educandos alguns momentos de recreação, mas sim uma prática pedagógica interdisciplinar considerando o aluno como sujeito de suas ações, criando e vivenciando momentos; favorecendo seu processo de aprendizagem, ensinando-o a lidar com limites regras, a se desenvolver no ato de jogar.

Hoje a perspectiva com relação aos jogos infantis é outra. Educadores e outros pesquisadores da Educação incentivam a prática do jogo como forma de aperfeiçoar o desenvolvimento infantil. Pode-se afirmar que os jogos estão adquirindo gradualmente uma nova dimensão. Vistos sob um enfoque de integração aos currículos das escolas, deixam de serem consideradas atividades secundárias e passam a ser pedagogicamente aceitos como parte dos conteúdos. (ALMEIDA, 2006, p. 62).


Para Albuquerque (1954), o jogo didático,


serve para fixação ou treino da aprendizagem. É uma variedade de exercício que apresenta motivação em si mesma, pelo seu objetivo lúdico. Ao fim do jogo, a criança deve ter treinado alguma noção, tendo melhorado sua aprendizagem. (ALBURQUERQUE, 1954, p. 33).


Assim, podemos compreender que o jogo não é simplesmente um “passatempo” para distrair os alunos, ao contrário, corresponde a uma profunda exigência do organismo e ocupa lugar de extraordinária importância na educação escolar. Ele estimula o crescimento e o desenvolvimento, a coordenação muscular, as faculdades intelectuais, a iniciativa individual, favorecendo o advento e o progresso da palavra, estimulam o observar e conhecer as pessoas e as coisas do ambiente em que vive.

Através do jogo o indivíduo pode brincar naturalmente, testar hipóteses, explorar toda a sua espontaneidade criativa. O jogar é essencial para que a criança manifeste sua criatividade, utilizando suas potencialidades de maneira integral. Ele é libertado para entrar no ambiente, explorar, aventurar e enfrentar sem medo todos os perigos. Dando origem a um aluno ativo e participativo dentro de um ambiente total, com apoio e a confiança que permite a ele desenvolver qualquer habilidade necessária para a comunicação dentro do jogo.

Na concepção piagetiana, os jogos consistem numa simples assimilação funcional, num exercício das ações individuais já aprendidas. Os jogos proporcionam à criança adquirir o domínio da comunicação com os outros.

Os esquemas momentaneamente inutilizados não poderiam desaparecer sem mais nem menos, ameaçados de atrofia por falta de uso, mas vão exercitar-se por si mesmos sem outra finalidade que o prazer funcional, ligado ao exercício. (PIAGET, 1971, p. 82)

Nessa visão, os jogos têm dupla função: consolidar os esquemas formados e dar prazer ou equilíbrio emocional à criança. O jogo é imediato e momentâneo, porque produto de uma assimilação sem acomodação.

O jogo permeia vários campos da prática pedagógica e abrange um leque de conteúdos, ele favorece a motricidade, a aquisição de conceitos matemáticos, a linguagem oral, a comunicação e expressão da criança, seu reconhecimento de mundo, e diversos outros aspectos.

O uso de jogos no ensino da Matemática tem o objetivo de fazer com que as crianças gostem de aprender essa disciplina, mudando a rotina da classe e despertando o interesse do aluno envolvido. A aprendizagem através de jogos permite que o aluno faça da aprendizagem um processo interessante e até divertido. Para isso, eles devem ser utilizados para sanar as lacunas que se produzem na atividade escolar diária.

Oliveira, (2000) refere-se à importância de transformar um jogo em motivação em aprender matemática, salientando que:

O aspecto afetivo se encontra implícito no próprio ato de jogar, uma vez que o elemento mais importante é o envolvimento do indivíduo que brinca. Ensinar Matemática é desenvolver o raciocínio lógico, estimular o pensamento independente, a criatividade e a capacidade de resolver problemas. Nós como educadores matemáticos, devemos procurar alternativas para aumentar a motivação para a aprendizagem, desenvolver a autoconfiança, a organização, a concentração, estimulando a socialização e aumentando as interações do indivíduo com outras pessoas. (OLIVEIRA, 2000, p. 78).


A utilização de jogos no ensino de Matemática, quando intencionalmente definidos, pode promover um contexto estimulador e desafiante do pensamento do ser humano, de sua capacidade de cooperação e é um auxiliar didático na construção de conceitos matemáticos. O jogo torna-se um facilitador da aprendizagem, pois mobiliza a dimensão lúdica para a resolução de problemas, disponibilizando o aluno a aprender, mesmo que a formalização do conceito seja posterior ao jogo.

Borin, (1996) apud em Groenwald & Timm (2009) falando sobre a importância dos jogos na matemática:

Outro motivo para a introdução de jogos nas aulas de matemática é a possibilidade de  diminuir bloqueios apresentados por muitos de nossos alunos que temem a Matemática e sentem-se incapacitados para aprendê-la. Dentro da situação de jogo, onde é impossível uma atitude passiva e a motivação é grande, notamos que, ao mesmo tempo em que estes alunos falam Matemática, apresentam também um melhor desempenho e atitudes mais positivas frente a seus processos de aprendizagem. (GROENWALD & TIMM, 2009)


Os jogos, se aplicados em sintonia com o ensino da matemática, poderão trazer benefícios para os alunos em sua assimilação e acomodação no meio social. A Matemática - enquanto uma ciência em constante expansão - contribui decisivamente para uma melhor compreensão do mundo e através da dela o indivíduo tem um maior poder de raciocínio para o enfrentamento e solução de diferentes situações-problema com que ele se depara no seu dia-a-dia. 

De acordo com Arribas (2004) fazer Matemática é estabelecer relações, elaborar e comunicar estratégias de resolução de problemas, argumentar, procurar defender e validar seu ponto de vista, reformular ações a partir dos erros, antecipar e verificar resultados, agir, enfim, como produtor de conhecimentos e não como mero reprodutor; como aquele que não só resolve, mas também é capaz de propor problemas. 

É importante considerar que desde muito cedo as crianças estão em contato com a Matemática, nas suas atividades cotidianas, dentro e fora da escola.  Os conceitos matemáticos são adquiridos, num primeiro momento, de forma informal e espontânea. 

De acordo com Santana (2006) as brincadeiras e jogos oportunizam a realização de um grande número de operações num tempo relativamente curto, o que as torna proposta de alto rendimento por excelência. Nessas situações, a cooperação espontânea prevalece, uns ajudam os outros e a professora ajuda a todos.

Oliveira (2000) destaca que o jogo é a construção do conhecimento, principalmente nos períodos sensório-motor e pré-operatório, e que de zero aos 3 anos, as crianças vão estabelecendo suas primeiras relações espaciais e numéricas. No jogo e na brincadeira encontram as mais ricas oportunidades de realizarem as aproximações iniciais aos conceitos matemáticos. A aquisição desses conceitos, apesar de não se estabelecer nessa faixa etária, é, sem dúvida, bastante favorecida pela finalidade principal de jogos e brincadeiras.

Ainda de acordo com o autor, dos 4 aos 6 anos, os jogos são ainda mais enriquecidos, à medida que a criança avança na sua capacidade de explicar suas ações, suas estratégias, descrever ações dos colegas. Considerando que a criança questiona mais e começa a compreender e respeitar as regras, o jogo passa a adquirir a dimensão de conduta consciente. Nos jogos e brincadeiras, as crianças dessa faixa etária aplicam e aprofundam muitos conceitos espaciais e numéricos.   

Monteiro (2000) esclarece que os sujeitos, ao aprenderem, não o fazem como puros assimiladores de conhecimentos. É preciso estar atento que nesse processo, existem determinados componentes internos que não podem deixar de ser ignorados pelos educadores. A solução de problemas é um aspecto fundamental para a aprendizagem da matemática, pois exige que a criança seja capaz de pensar e formular respostas para determinadas situações.

Os jogos matemáticos, nem sempre são usados para ensinar conceitos matemáticos, o mais importante é a base para provocar a reflexão e o estabelecimento de relações lógicas por parte do aluno. Além de proporcionar prazer e diversão, o jogo pode representar um desafio e provocar o pensamento reflexivo do aluno. Essas podem ser razões suficientes para que se defenda seu uso no ensino de Matemática.

Vygotski (1999) indica a relevância dos jogos como indispensáveis para a criação da situação imaginária. Revela que o imaginário só se desenvolve quando se dispõe de experiências que se reorganizam. A riqueza dos contos, lendas e o acervo de brincadeiras constituirão o banco de dados de imagens culturais utilizados nas situações interativas.

A ação na esfera imaginativa, numa situação imaginária, a criação de intenções voluntárias e a formação dos planos de vida real e das motivações voluntárias, tudo aparece no brinquedo, que se constitui, assim, no mais alto nível do desenvolvimento pré-escolar. A criança desenvolve-se, essencialmente, por meio da atividade do brinquedo. (VYGOTSKY, 1999, p. 63)


Assim, para se formar seres criativos, críticos e aptos para tomar decisões, um dos requisitos é o enriquecimento do cotidiano infantil com a inserção dos jogos. E importante ressaltar que, as relações entre as pessoas para Tani (1988) estão estruturadas nos processos sociais, que trazem incluídos valores que tem sido incentivado muitas vezes pela própria cultura. Dentre os vários processos de relações e interações sociais básicos, salientam-se a competição, o conflito e a cooperação. Cada ser se relaciona com os outros e, na maioria das vezes, as situações sociais incluem mais do que um desses processos.

Nesse contexto o jogo também é visto como intermediador de conceitos relacionados à cooperação e a competição, requisitos necessários ao ato de jogar. Na competição, quando um jogador tenta obter um resultado melhor do que o outro, forma-se, então, a oposição que, na maioria das vezes, chega a gerar conflitos. Mas a competição nos jogos, quando bem desenvolvida, pode propiciar a formação de uma postura mais cooperativa de cidadãos.

O jogo tem um fator motivante, como elemento recreativo e lúdico, estimula a autoestima e confiança; favorece as relações. Além dos fatores físicos e sociais, ajuda no processo de aprendizagem. Como Brougére (1998) explica, o jogo faz parte da instrução, e ao mesmo tempo em que exercita a inteligência, promove o crescimento, boas condições físicas e saúde entre os jovens. Por serem exercícios físicos, tornam-se um meio de introduzir a criança a uma atividade física e pode ser usado para permitir um relaxamento necessário, cujo objetivo é propiciar um novo esforço intelectual, ou tornar lúdica a educação corporal, facilitar o aprendizado e promover a socialização.

O processo de construção da moral, das regras e valores sociais pode ser compreendido levando-se em conta tanto aspectos da evolução humana, como aspectos sociais e filosóficos. No que diz respeito aos aspectos sociais, cabe ressaltar que as regras e os valores sociais, já estão previamente construídos quando a criança entra no mundo social. Além disso, é sabido que os aspectos morais e os valores de uma sociedade modificam-se com o tempo e ainda podem variar de acordo com a cultura.

Por outro lado, os aspectos da evolução humana resgatam elementos desse processo, que envolve não só aspectos biológicos, como também questões sociais, nas quais está envolvida a moral, a ética e os valores, que orientam o homem em sua trajetória de transcendência para além de seus impulsos.

Essa superação segundo Centurion (2004) ocorre por meio da “lenta evolução dos costumes, que impõem tabus, limites e vínculos à sofreguidão do instinto”. Segundo Piaget (1971), através dos jogos, as atividades lúdicas atingem um caráter educativo, tanto na formação psicomotora, como também na formação da personalidade das crianças. Assim, valores morais como honestidade, fidelidade, perseverança, hombridade, respeito ao social e aos outros são adquiridos. 

Os jogos são considerados por Piaget (1971) como uma ferramenta indispensável a este processo. Através do contato com o outro, a criança vai internalizar conceitos básicos de convivência, e considerando que, os jogos permitem uma flexibilidade de conduta, ela vai sendo conduzida a um modelo ideal de se comportar com o próximo.

Oliveira (2000) esclarece que a ética diz respeito a consensos possíveis e temporários entre diferentes agrupamentos sociais, que, embora possuam hábitos, costume e moral diferente, e mesmo divergindo na compreensão de mundo e nas perspectivas de futuro, às vezes, conseguem estabelecer normas de convivência social relativamente harmoniosa em algumas questões.

O sujeito, durante os jogos, aprende o saber conviver com as diferenças, com outras formas de cultura, hábitos, costumes e crenças. Aprende a se colocar no lugar do outro, aprende o respeito mútuo, bem como os princípios de justiça, mesmo que não seja regido por esses princípios; considera o contexto e as razões, e tem uma postura ativa e consciente.

É importante considerar que a possibilidade de colocar-se no lugar do outro, para a efetividade do julgamento moral, pois permite refletir criticamente, levando em conta os diferentes pontos de vistas e considerando os motivos, emoções e condições para determinados comportamentos.

Com relação ao desenvolvimento moral, Friedmann (1996) afirma que as crianças constroem normalmente o seu próprio sistema de valores morais, baseando-se em sua própria necessidade de confiança com as outras. Esse processo é uma verdadeira construção interior. Através da construção autônoma se forma uma boa concepção de si mesmo.

A motivação é um aspecto intrinsecamente ligado ao jogo, pois, jogar desenvolve um processo lúdico de lidar com conceitos diversos de maneira agradável. Isso acarreta na criança interesse e motivação em aprender.

“No aluno, a motivação é considerada como a determinante talvez principal do êxito e da qualidade da aprendizagem escolar. Quem estuda pouco, ou quem lê pouco, aprende pouco; a qualidade e a intensidade do envolvimento nas aprendizagens dependem de motivação. Mas também se reconhece que se trata de uma variável complexa e multifacetada.” (ALMEIDA, 2006, P. 115).


Desse modo, é possível perceber a importância da motivação como fator de aprendizagem. Portanto, o entretenimento é entendido como possibilidade de estímulo ao interesse do aluno por atividades que favoreçam ao processo de aquisição do conhecimento. As atividades lúdicas (jogos, brincadeiras, brinquedos) devem ser vivenciadas pelos educadores.

Para Almeida (2006) a motivação é um ingrediente indispensável no relacionamento entre as pessoas, bem como uma possibilidade para que afetividade, prazer, cooperação, autonomia, imaginação e criatividade cresçam, permitindo que o outro construa por meio da alegria e do prazer de querer fazer e construir.

Oliveira (2000) acrescenta que "quando crianças ou jovens brincam, demonstram prazer e alegria em aprender. Eles têm oportunidade de lidar com suas energias em busca da satisfação de seus desejos”. È a curiosidade que os move para participar da brincadeira é, em certo sentido, a mesma que move os cientistas em suas pesquisas. Dessa forma é desejável buscar conciliar a alegria da brincadeira com a aprendizagem escolar.

Se as crianças ficarem totalmente envolvidas, o jogo é algo diferente do que acontece no cotidiano da sala de aula, e se isso as deixa animadas, elas ficam encantadas com a novidade e fixam melhor o assunto. 

No processo de ensino e aprendizagem, com diferentes conteúdos ou ambientes, a motivação é, segundo Almeida (2006), a mola propulsora do comportamento humano, sendo a determinante na busca de qualquer objetivo seu.
















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CAPÍTULO 4: REPENSANDO O LUDICO E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL.



A concepção de criança sofreu evolução ao longo da história e vem mudando ao longo do tempo. Mas perante a lei, a criança é compreendida como um sujeito de direitos, um cidadão. 

A Constituição federal de 1998, a LDB, o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil e o ECA foram marcos importantes na efetivação dos direitos das crianças e foi resultado de uma grande luta no sentido de compreender a criança, não como uma miniatura do adulto, mas como ser humano, sujeito histórico e social, que faz parte de uma família que está inserida na sociedade. Que se desenvolve e precisa de estímulos para seu crescimento social, psicológico e cognitivo.

Paralelo ao conceito de criança está a ludicidade, que foi reconhecida à medida que os direitos das crianças foram se efetivando. Nos últimos anos já se percebe um intenso crescimento nos estudos envolvendo o lúdico na Educação Infantil.

O brincar como um direito da criança reconhecido e garantido pelas legislações pertinentes ocupa um lugar de prioridade na formação da criança. Legalmente o brincar é considerado como o direito da criança e o dever do estado, da família e da sociedade.

Pudemos perceber ao longo do presente estudo que a Educação infantil viveu um processo de busca por seus espaços e definição de seus direitos. Com isso, os parâmetros para o trabalho com a Educação Infantil vêm se efetivando aos poucos. Brasil (1998) marca essa estruturação de parâmetros em Eixos Temáticos: Matemática, linguagem oral e escrita, movimento, Artes Visuais, natureza e Sociedade e Identidade e Autonomia.

Brasil (1998) destaca que se educar significa propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada de forma a contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, a ludicidade permeia todos os eixos, considerando que, é fundamental para o desenvolvimento global da criança.

O brincar é uma prioridade para a criança, pois, é uma das formas principais de interação que ela dispõe nesta fase da vida. É a sua maneira de aprender sobre os objetos que estão a sua volta, de aprender sobre as pessoas e si própria. É também através do brincar que a criança vai aprender quais são as regras, qual o papel que cada um representa e ela vai aprender quais são as coisas que ela pode ou não fazer.

Dessa forma, atribuímos ao brincar um ato de grande importância com relação à definição de papéis, visto que, propicia a criança a realizar escolhas, refletir sobre os papéis sociais e lidar com regras. E a compreensão dessas regras, faz com que cada pessoa no seu grupo, como as pessoas se relacionam, como expressam suas emoções, como resolvem seus conflitos, como aprende a lidar com as perdas, a criança precisa utilizar de sua imaginação. Brincando a criança se imagina no lugar do outro. Esse ato de brincar é um grande recurso que a criança tem para lidar com os objetos, as coisas que compõem o seu mundo.

Kishimoto (2002), afirma que:

As escolhas de oportunidade lúdicas que fazemos habitualmente, sem refletir, podem, se refletirmos a respeito, ser psicologicamente informativas sobre nós mesmos e podem sugerir uma série de questões muito interessantes sobre o significado psicológico dessas escolhas. (KISHIMOTO, 2002, p. 29).


Portanto, é brincando que a criança atua, faz coisas e constrói seu conhecimento. O lúdico permite que a criança se expresse de maneira espontânea. É permitindo que a criança faça escolhas que estaremos contribuindo como adultos para a autonomia da criança. Para Luckesi (2000) “o brincar é para a criança como o trabalho é para o adulto.” Toda criança brinca independente de sua época, cultura ou classe social. Neste sentido, o brincar torna-se a essência da infância.

A ludicidade tem um importante papel nos primeiros anos de vida, considerando que ao brincar a criança desenvolve-se e favorece a interação, além de proporcionar uma aprendizagem prazerosa. Oliveira (2000, p.10) destaca que o lúdico “não está nas coisas, nos brinquedos ou nas técnicas, mas nas crianças, ou melhor, dizendo, no homem que as imagina, organiza e constrói.” Nesse sentido, ao lúdico torna-se um grande aliado na educação da criança.

É importante considerar que o brincar quando introduzido na escola, não deve perder o enfoque na ludicidade, e da mesma forma para o educador não deve ser utilizado somente com o intuito de diversão. É preciso considerar que através do brincar a criança cria, constrói e atribui valores importantes para o seu desenvolvimento social e individual.

Dessa forma, o Lúdico analisado sob a ótica da Educação Infantil nos faz perceber o importante papel do professor, pois é ele quem cria condições pra a criança através da organização dos espaços, disponibilização de materiais e participação nas brincadeiras.

Oliveira (2000) comenta que atualmente percebemos uma crescente desvalorização da espontaneidade da criança, que dá lugar aos conteúdos a serem desenvolvidos, com isso, se ignora os aspectos educativos do brincar. Portanto é urgente e necessário que o professor procure ampliar cada vez mais as vivências da criança com o brincar, e que aproveite o máximo da interação e expressão da criança nestes momentos.

O brincar analisado pelo seu aspecto educacional, proporciona não só um meio de aprendizagem, mas permite que os adultos conheçam melhor a criança, através da sua postura durante as brincadeiras. Portanto, o brincar favorece um importante requisito para a avaliação da criança no que diz respeito a sua evolução de aprendizagem e do desenvolvimento em geral.

Oliveira (2000) ressalta que o lúdico está entre os recursos didáticos mais eficazes da prática educativa. Útil em qualquer faixa etária, nos mais diversos ambientes de ensino-aprendizagem. A ludicidade, assim como qualquer método ou técnica, é aprovada desde que não se torne rotina, sendo sempre para o aluno uma novidade provocadora de interesse e estímulo para o alcance do objetivo esperado.





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Vale considerar, que quando falamos sobre a importância do lúdico na para a criança da Educação Infantil, não significa promover apenas atividades como jogos, brincadeiras, mas sim, propiciar atividades capazes de influenciar o modo de ser dos alunos.  Pois, o brincar influencia a vida da criança através da criação de condições em que ela pode desenvolver sua criatividade, sua interação e relação com o real.

Nesse sentido, a brincadeira não deve somente estar associada a uma aprendizagem restrita a escola. Pois, o brincar deve ser um momento em que as crianças se apropriam e reelaboram a cultura.

Para Brasil (1998) o objetivo pedagógico relacionado ao brincar, não pode ter o intuito de controlar a brincadeira livre, pois dessa forma tira dela as possibilidades de existir. Portanto, é importante ressaltar que a brincadeira não deve ser condicionada, o espaço da educação infantil deve propiciar às crianças o desenvolvimento de atividades lúdicas livres e espontâneas.

Para se desenvolver um ambiente favorável à ludicidade é preciso compreender que para brincar é preciso que as crianças tenham certa independência para escolher os brinquedos, os papéis que vão desempenhar os colegas. E essa escolha tem que ser respeitada pelo adulto, pois, dependem exclusivamente da vontade de quem brinca.

Através dessas escolhas as crianças tornam-se capazes de vivenciar brincadeiras que possam favorecer a resolução de problemas, além de ajudá-las a compreender e interpretar as situações cotidianas.

As brincadeiras propiciam uma ampliação dos conhecimentos infantis por meio da atividade lúdica.  E muitas vezes funcionam como ferramenta de ensino, onde desenvolvemos conteúdos presentes nas brincadeiras.

O professor nesse contexto tem o importante papel de dar significado pedagógico para o ato de brincar. Cabe a ele aproveitar a ludicidade para desenvolver e explorar a aprendizagem das crianças. É ele quem organiza a base do brincar, por meio da oferta de objetos, fantasias, brinquedo, é responsável pela delimitação do espaço e do tempo para brincar.

É importante definir os objetivos do brincar nas suas diversas utilizações. Há momentos que as brincadeiras são utilizadas como recurso didático, ou seja, são aplicados para que sejam vencidos conteúdos, nesta circunstância não se pode avaliar criatividade e espontaneidade como nas atividades onde o brincar ocorre como um ato livre e espontâneo. Portanto é preciso que o professor tenha consciência que nas brincadeiras as crianças recriam aquilo que sabem sobre as mais variadas formas de expressão, e cabe a ele, avaliar e conduzir essas expressões.

De acordo com Brasil (1998) para que as aprendizagens infantis ocorram com sucesso é preciso considerar alguns tópicos que favoreceram para a organização do trabalho educativo, pautado no incentivo a ludicidade:

·         A interação com crianças da mesma idade e em idades diferentes favorecem a aprendizagem.

·         Os conhecimentos prévios de cada criança ajudam na interação das mesmas.

·         A individualidade e a diversidade

·         O grau de desafios que as atividades apresentam e a significatividade das atividades propostas.

·         A resolução de problemas como forma de aprendizagem.

Brincar livremente não significa que não possa haver intervenção do professor. E bom esclarecer que em determinadas situações se faz necessário tal intervenção, no sentido de ampliar as capacidades de apropriação de conhecimentos. Para isso, o professor teve ter consciência da singularidade de cada criança, de acordo com seu desenvolvimento, faixa etária e necessidade.

O professor de Educação Infantil, neste contexto constitui-se, portanto, “no parceiro mais experiente, por excelência, cuja função é propiciar e garantir um ambiente rico, prazeroso, saudável e não discriminatório de experiências educativas sociais variadas”. (BRASIL, 1998, p. 30)
















CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a pesquisa foi possível compreender que os jogos e as brincadeiras contribuem muito para a aprendizagem da criança, em inúmeros aspectos como, motricidade, aquisição de conceitos matemáticos, socialização, desenvolvimento do raciocínio, da atenção.  E que, podem ser explorados por professores e alunos em diversos aspectos do conhecimento.

Quanto à formação moral da criança, verificou-se que esta é bastante desenvolvida pelos jogos e brincadeiras, pois propicia às crianças a se relacionarem de forma lúdica com valores essenciais para a vida em sociedade, como o respeito, a lealdade e a honestidade.

O lúdico ocupa um lugar importante no imaginário infantil, proporcionando condições de interpretação da realidade, de forma a promover na crianças articulações entre a realidade e a sua forma de expressão. Com isso, a capacidade de sintetizar informações, de compreender o mundo e por assim dizer melhorar sua aprendizagem.

Por meio das brincadeiras os professores podem perceber o desenvolvimento das crianças, analisando o grau de liderança, a maneira com que lidam com o outro, como resolvem os problemas, suas capacidades para o uso da linguagem dentre outros aspectos. Por isso, é importante que o professor disponibilize recursos que propiciem às crianças disponibilidade de escolherem temas, papéis e que assim possam elaborar de maneira particular suas emoções, sentimentos e interpretações.

Futuras pesquisas podem ser desenvolvidas sobre cada área de contribuição citada acima, onde poderiam ser analisadas de forma mais detalhada e aprofundada os aspectos de contribuição favorecidos pelo jogo.

Quanto ao resultado da pesquisa, minhas expectativas foram superadas, visto a comprovação da minha hipótese de que os jogos contribuem para a aprendizagem e a formação da criança.





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